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Friday, 22 de November de 2024
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FAB e a FAC treinam juntas na Operação COLBRA IV para combater o narcotráfico

Diversos
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Militares da Força Aérea Brasileira e Força Aérea da Colômbia treinaram detecção e interceptação de aeronaves suspeitas durante o exercício COLBRA IV.

Por Patrícia Comunello

Exercícios conjuntos entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e as Forças Aéreas de países vizinhos fortalecem os esforços de cooperação na luta contra o narcotráfico e outros crimes em zonas de fronteira. O exemplo mais recente de treinamento conjunto inclui a COLBRA IV, em que militares brasileiros e da Força Aérea Colombiana (FAC) realizaram exercícios simulados em pontos distantes até 90 quilômetros de cada lado da fronteira entre Brasil e Colômbia, este exercício foi realizado durante o mês de julho do ano corrente.

O espaço aéreo ficou fechado para voos civis durante as manobras. A restrição foi divulgada para civis e militares por meio de mensagens Notam (Aviso aos pilotos) emitidas pelo controle de tráfego aéreo, de acordo com o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA). No lado brasileiro, o exercício foi realizado a partir do Destacamento de São Gabriel da Cachoeira (DASG), base aérea situada a 852 quilômetros de Manaus, capital do estado do Amazonas.

O DASG deu apoio logístico, hospedagem e refeições aos militares que participaram da operação e também fez a vistoria quanto à manutenção adequada das pistas de pouso. Na Colômbia, os militares realizaram exercícios utilizando a estrutura do Grupo Aéreo do Amazonas da FAC (GAA, por sua sigla em espanhol). Eles realizaram as manobras na região amazônica que tem vegetação densa e baixa densidade populacional.

Organizações criminosas transnacionais, muitas vezes utilizam o espaço aéreo da região para o transporte de cargas de drogas, tornando fundamental a cooperação entre as forças de segurança colombianas e brasileiras na luta para reprimir os voos do narcotráfico. “O controle do espaço da área é fundamental na luta contra o narcotráfico entre os dois países”, ressaltou o Major Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral, comandante do COMDABRA..

Os exercícios de simulação testam a capacidade dos militares para detecção, interceptação e acompanhamento dos tráfegos aéreos de interesse (TAI) como parte do esforço para combater o crime transnacional. “Tráfego Aéreo de Interesse compreende aeronaves que fazem voos supostamente irregulares no espaço aéreo entre Brasil e Colômbia”, acrescentou.

Simulação de voos suspeitos

A resposta aos TAIs é um componente fundamental do treinamento COLBRA IV, durante o programa, as aeronaves da FAB ou da FAC simulam um perfil de voo TAI voando a baixa velocidade e altitude. “Os métodos e meios utilizados são os mesmos que as duas forças possuem no planejamento diário de defesa aérea. Ou seja, a operação simula a detecção e acompanhamento de tráfegos que podem ser interceptados no dia a dia”, compara o Maj Brig Egito do Amaral.

O exercício se baseia nas Normas Binacionais de Defesa Aeroespacial Brasil-Colômbia (NBDA número 1 BR/CO), em vigor desde 3 de junho de 2009, e regulam procedimentos permanentes de coordenação e cooperação para controle de atividades aéreas irregulares na fronteira dos dois países.

A pista de pouso do Destacamento de São Gabriel da Cachoeira, no estado brasileiro do Amazonas, serviu de apoio às manobras da Força Aérea durante a COLBRA IV

Antes da atual NBDA, FAB e FAC realizaram duas edições da COLBRA – a primeira em 2005 e a segunda em 2007. A terceira operação foi realizada em 2009, logo após a edição das normas. A última edição do exercício teve o mesmo porte e mobilização de efetivo que o de 2007, segundo o Maj Brig Egito do Amaral.

Um dos trunfos da COLBRA IV foi promover o intercâmbio técnico entre militares das duas Forças Aéreas. Pilotos e controladores de voo brasileiros realizaram exercícios nas unidades da FAC e vice-versa.

“O objetivo é compartilhar experiências e normatizar procedimentos nos diversos níveis da operação”, explica o Mal Brig Egito do Amaral. “Experiências são trocadas, mas nunca são passadas informações sigilosas que possam afetar a atuação da força aérea nas missões rotineiras. Os dados de radar não são compartilhados com outros países, uma vez que são de uso exclusivo do Brasil na defesa e controle do tráfego aéreo”, acrescentou.

Reconhecimento aéreo

Como parte da luta contra as organizações criminosas transnacionais, a FAB coleta dados de inteligência sobre as rotas aéreas utilizadas pelos traficantes de drogas e as pistas de pouso mais empregadas. “Fazer esse levantamento é um trabalho rotineiro para as unidades da FAB situadas na fronteira e que determina o sucesso da repressão ao narcotráfico e outros ilícitos”, diz o major brigadeiro.

A equipe brasileira reuniu os seguintes esquadrões:

:: • Arara (1º/9º GAV, Grupo de Aviação de Manaus, Amazonas);
:: • Cobra (7º ETA, Esquadrão de Transporte Aéreo de Manaus);
:: • Escorpião (1/3° GAV, Grupo de Aviação de Boa Vista, Roraima);
:: • Guardião (2º/6º GAV, Grupo de Aviação de Anápolis, Goiás);
:: • Harpia (7º/8º GAV, Grupo de Aviação de Manaus).

As autoridades colombianas mobilizaram esquadrões ligados ao Comando Aéreo de Combate 2 (CACOM-2) e 3 (CACOM-3) e Grupo Aéreo do Amazonas (GAAMA). Por seu lado, o Brasil mobilizou aeronaves A-29 Super Tucano (defesa aérea), C-98 Caravan (transporte aéreo logístico), E-99 (controle e alarme de voo), C-97 Brasília e C-105 Amazonas (mobilização e desmobilização), além de helicópteros H-60L Black Hawk (missões de busca e salvamento), caso houvesse algum acidente na operação, mas os helicópteros não chegaram a ser utilizados. A Colômbia mobilizou aeronaves A-37 Dragonfly (ataque) e SR-560 Citation (defesa aérea). Os dois lados registraram quase 40 horas de voo.

Controladores de tráfego aéreo brasileiros e colombianos visitaram instalações dos dois países

Os controladores de tráfego da FAB passaram os dias da operação na base do GAAMA, em Leticia. “Eles puderam observar técnicas de controle e defesa usadas pelo país vizinho” ressaltou o Maj Brig Egito do Amaral. Da mesma forma, os controladores de tráfego aéreo colombianos ficaram no IV Centro de Operações Militares (COPM4), localizado em Manaus.

Militares da FAC e da FAB trocaram conhecimentos e experiências durante cinco dias durante a operação de treinamento COLBRA IV.

Um dos pontos altos da COLBRA IV foram os exercícios simulados para identificação de tráfego aéreo de interesse quando militares se envolvem no controle e alarme em voo e defesa aérea contra o tráfego de aeronaves desconhecidas.

Durante esta parte da operação, a FAB empregou um C-98 Caravan em uma invasão ao território colombiano. O C-98 foi detectado por um SR-560 Citation e interceptado por um caça A-37 Dragonfly, ambos da FAC. Depois de finalizada a ação no espaço aéreo da Colômbia, a aeronave supostamente inimiga da FAB repetiu a invasão simulada no lado brasileiro.

“Em situações reais, a aeronave é identificada e interrogada”, explica o major brigadeiro. “Se estiver irregular, determina-se a mudança de rota para pousar em um aeródromo definido pela defesa aérea. Após o pouso, a polícia e Receita Federal fazem a abordagem, verificam a carga e apreendem caso seja ilícita.”

Autoridades da Força Aérea escolheram o Caravan para maximizar a segurança dos participantes da COLBRA IV e a possibilidade de pousar em diferentes tipos de pistas de pouso, como grama e cascalho, e com 800 metros de extensão.

A aeronave se ajusta às características da região amazônica, que apresenta instabilidade climática e dificuldades logísticas, explicou o COMDABRA, que planeja e mobiliza o efetivo da FAB nas missões com outros países. O Brasil também realiza operações como a COLBRA com as Forças Aéreas da Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

FAC realiza exercícios com outros países

“[A COLBRA] é um exercício operacional muito importante para melhorar o treinamento contra os ilícitos e adquirir grande experiência como a da Força Aérea Brasileira em exercícios internacionais”, disse o comandante do Grupo Aéreo do Amazonas, Coronel Jairo Orlando Orjuela Arélavo.

A FAC realiza exercícios semelhantes com Guatemala, Honduras, República Dominicana, Peru, Equador, Panamá, Estados Unidos e Venezuela. O Brasil programou mais um exercício PERBRA, semelhante ao COLBRA, que foi realizado com o Peru entre 24 e 28 de agosto, marcando a quinta edição do exercício operacional conjunto dos dois países, concluiu o Maj Brig Egito do Amaral.

Fonte | Fotos: dialogo