Por Alex Alexandre de Mesquita e Marcel Herman Heise
O Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires (CI Bld GWP) é um Estabelecimento de Ensino que, ao longo de seus quase vinte anos de história, tem atuado como a polia motora do preparo da tropa blindada do Exército Brasileiro (EB), sendo decisivo na produção e na transmissão de conhecimentos técnico-táticos relacionados a essa tropa tão peculiar.
O CI Bld é vinculado ao Comando de Operações Terrestres, e essa vinculação confere ao Centro a prerrogativa de cooperar com as OM Bld e Mec no aprimoramento da Instrução Militar, que é condição primordial para o Adestramento da Tropa, um dos Geradores de Capacidades, segundo as Bases para a Transformação da Doutrina Militar Terrestre.
Compreendendo o Adestramento como a atividade final da Instrução Militar, que objetiva a formação de homens, com seus equipamentos e armamentos, dentro de suas frações orgânicas, para o emprego como instrumentos de combate, percebe-se que o CI Bld tem, indiretamente, uma responsabilidade importante nesse processo.
Desde a sua criação em 1996, o Centro General Walter Pires busca alinhar as suas atividades de ensino às demandas das OM. Dessa forma, foi concebido um conceito de multiplicação do conhecimento, por meio do qual os concluintes dos cursos e estágios retransmitem os conteúdos ministrados no Centro, ao retornarem às suas OM. Cabe à Seção de Ensino de Operação de Blindados (SEOB) atuar nesse sentido, pois é sua a responsabilidade ministrar os cursos e estágios de operação e táticos.
Os cursos de operação de viaturas blindadas têm o objetivo de normatizar procedimentos relativos à operação desses complexos PRODE(¹) em combate. Os Estágios Táticos, em particular os do Pelotão de Exploradores (Pel Expl) e de Força-Tarefa Subunidade Blindada (FT SU Bld), possuem o objetivo de padronizar as normas de comando, praticar as operações básicas e as ações táticas, oferecendo aos executantes o embasamento teórico e prático para o real emprego de frações blindadas e mecanizadas.
Atualmente, existem cerca de 2200 Of/STen/Sgt, do Exército Brasileiro que realizaram alguma das modalidades de curso e estágios e estão em condições de transmitir e multiplicar os conhecimentos adquiridos, criando as condições básicas para a execução do adestramento. Com atuação bem mais recente e direta, a Seção de Simuladores (Seç Sml) vem inovando e introduzindo novos paradigmas na execução da instrução e do adestramento, por intermédio do emprego da simulação virtual.
Dentro desse contexto, o Exercício de Adestramento Tático com Simuladores Virtuais (EATSV ²) vem sendo executado desde o ano de 2012 (em caráter experimental com tropas da 6ª Brigada de Infantaria Blindada). Hoje em dia, realizam o EATSV subunidades de todas as Brigadas blindadas e mecanizadas do EB (exceção feita à 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, ainda em fase de experimentação doutrinária).
O exercício possui duração de uma semana nas instalações da Seç Sml, além de várias semanas anteriores para a preparação, a cargo das OM executantes. O EATSV é voltado para o planejamento, treinamento e execução de operações no escalão SU, dentro do conceito de Operações no Amplo Espectro dos Conflitos.
Cumpre destacar que a Simulação Virtual é encarada como um instrumento de apoio às atividades desenvolvidas e não um fim em si mesma e, dentro do terreno virtual, as FT SU Bld e Esquadrões de Cavalaria Mecanizados (Esqd C Mec) desdobram seus meios e realizam seus adestramentos. Durante os exercícios, é possível integrar e sincronizar as Funções de Combate Movimento e Manobra, Fogos, Inteligência e Logística, e, por meios reais, a Função de Combate Comando e Controle.
Reforçando esta capacidade, o exercício conta também com a participação de elementos das armas de Artilharia e Engenharia, o que acrescenta uma maior realidade e complexidade, além de criar um ambiente de trabalho multiarmas dificilmente alcançado nos corpos de tropa. Elevando ainda mais as inovações e as capacidades da simulação de combate, vem sendo executado, desde o ano de 2014, o Exercício de Simulação Integrada (Ex Sml Intg).
Essa atividade, realizada sob a coordenação do COTER com participação do CI Bld, CAAdEx e do CAESC(³) da 3ª DE, possibilitou a integração dos três tipos de simulação previstas pelo EB: simulações virtual, viva e construtiva. Concluindo, pode-se perceber que o CI Bld vem, ao longo dos anos, cooperando de maneira sempre oportuna e decisiva com o adestramento da tropa blindada, seja direta, por meio dos cursos e estágios; ou indiretamente, com o apoio da simulação de combate.
Contudo, é de suma importância o concurso dos comandantes para o sucesso deste modelo. Cabe-lhes aproveitar os egressos das atividades de ensino e as oportunidades dos exercícios virtuais para maximizar a sua instrução e o seu adestramento, na certeza de que o Centro General Walter Pires, superando diversos desafios e guiado pelo lema “NÃO ESPERE, FAÇA!”, estará sempre buscando, por meio da iniciativa, da inovação e da dedicação, apoiar o aperfeiçoamento da tropa que decide o combate. SOMOS PORQUE QUEREMOS SER! AÇO! AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!
Nota da Redação: Alex Alexandre de Mesquita é Tenente Coronel da Arma de Cavalaria, Comandante do Centro de Instrução de Blindados com a colaboração do Cap Marcel Herman Heise Adj Seç Sml
Notas : (1) Produto de Defesa. CI Bld – Escotilha do Comandante – Ano I – Nr 16 – 16 de junho de 2015, (2)Desde 2014, os EATSV são previstos no Programa de Instrução Militar do COTER (PIM COTER) e (3) Centro de Aplicação de Exercícios de Simulação de Combate.