Em seu processo evolutivo, as sociedades vêm experimentando transformações importantes que impactam o código de valores e costumes, indicando novos padrões de relacionamento e de comportamentos. Woodstock, o encontro juvenil do final da década de 60 do século passado, estabeleceu o ponto de partida da revolução dos valores que, ainda hoje, estão em constante mutação. Assim, as relações sociais, notadamente nos âmbitos familiar, educacional, laboral e religioso, assumiram novos contornos, rompendo antigos paradigmas.
Nesse contexto, as instituições castrenses – que normalmente representam cortes fidedignos das sociedades a que servem – também tendem a ser afetadas pelas modificações em curso nessas coletividades. É inevitável que isso aconteça! Entretanto, aos chefes militares incumbe “blindar” as Forças Armadas, buscando proteger essas instituições das transformações que interferem na missão clássica dessas Forças. O desafio consistirá em estabelecer quais mudanças serão aceitas, “adaptadas” ou rejeitadas no código de valores institucionais, permanentemente sujeitos ao escrutínio das variações sociais modernas.
Nos momentos de crise de qualquer matiz, os militares são os referenciais de apoio e de socorro às sociedades que, com base nos valores castrenses, requerem soluções “manu militari” aos eventos que afetam a paz social e o bem comum. Os soldados nunca são melhores que os cidadãos a que servem. São educados para serem diferentes, vencer obstáculos e cultuar a essência da racionalidade da sua gente, defendendo o interesse soberano da nação. Para tanto, o exercício regular dos valores lhes confere lastro moral para a luta.
Assim, nesses tempos de transformação social, parece vital confrontar o processo de revolução ético-moral em curso, o conjunto de valores permanentes e a missão clássica das Forças Armadas, aferindo-se os impactos decorrentes da aceitação dessas mudanças na eficiência e na eficácia militares do Estado. No caso das instituições militares brasileiras, “os desafios são novos; mas os valores são os de sempre – desde Guararapes”!
Nota: O Autor do texto Helio Fernando Rosa de Araújo é Coronel da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro