Ao longo da história temos visto vários desdobramentos indesejáveis quando colônias ou Estados nacionais são subdivididos. Foi assim nas Américas, com o desmembramento dos Vice reinados e Capitanias; no Continente africano, ao iniciar as ondas de independência e, não poderia deixar de ser diferente, quando explodiram o Império Otomano após a I Guerra Mundial conforme a conveniência dos vencedores europeus.
A receita costuma ser semelhante: na América grupos indígenas diferentes mesclados aos caudilhos e crioullos não chegaram a um consenso e, até hoje, dezenas de questões de fronteira geram embaraços diplomáticos; na África, guerras tribais chegam a se transformar em genocídio e limpeza étnica; no Oriente Médio, além da mistura de grupos étnicos no mesmo país, a existência do petróleo deixa a região bem mais sensível, devido à disputa de poder e de influência entre Os Estados Unidos, a Rússia e as potência regionais costurando alianças.
Conforme ocorreu no Iraque, novamente os olhos do ocidente voltam-se à superpotência ocidental cobrando uma atitude militar em relação aos ataques químicos recentes na Síria. Entretanto, estudando novamente a I Guerra Mundial, lembremos que a Europa era um barril de pólvora que explodiu com um atentado terrorista. Depois disso, perdeu-se o controle da situação e o conflito durou 4 anos, ceifando milhões de vidas. Igualmente, o Oriente Médio tem sido um barril de pólvora cujo estopim tem sido constantemente apagado pela diplomacia ou dissuasão.
Conforme diz a canção do Exército Brasileiro “A paz queremos com fervor, a guerra só nos causa a dor…”, a nação americana também compactua com esse pensamento. Provavelmente por isso, o presidente Obama ainda não tenha agido energicamente contra o governo da Síria ou a opção pelas medidas que foram adotadas.
O Direito Internacional dos Conflitos Armados repudia o uso de armas de destruição em massa, genocídios e limpeza étnica. Assim como os nazistas foram condenados em Nuremberg e Saddam Hussein também foi condenado por uma corte, a solução mais civilizada e aceitável para o século XXI seria que os responsáveis fossem submetidos a um Tribunal Penal Internacional, mas Damasco não assinalou entregar o nome dos protagonistas.
Lembro finalmente que, buscando evitar um mal maior, França e Inglaterra foram excessivamente tolerantes com Hitler, postura que custou muitas vidas no futuro; da mesma forma, a tolerância com as iniciativas e anexações de Napoleão no início do século XIX e, recentemente, a demora em proteger os curdos das armas químicas de Sadam Hussem custaram vidas de civis indefesos e inocentes.
Segundo Edmund Burke, “para que o mal prevaleça, basta apenas que os bons se omitam”; acrescento ainda a célebre frase de Thomas Jefferson “ O preço da liberdade é a eterna vigilância”.