A tenente-coronel Maria das Graças Andrade de Jesus e a tenente Paola de Carvalho Andrade em breve passarão por um importante desafio em suas carreiras. Elas vão integrar o 22º contingente brasileiro da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah). A partir de junho, Paola, que é jornalista, trabalhará em atividades de imprensa e Relações Públicas.
Já Maria das Graças, que é advogada, atuará como assessora jurídica. Ao longo desta semana, as militares participam de reunião preparatória do 22º contingente no Ministério da Defesa, em Brasília (DF). A tenente-coronel Maria das Graças conta que esta é a segunda vez que vai ao país caribenho. Ela integrou o 8º contingente, que esteve entre 2007 e 2008 no Haiti. Agora, a militar vai aproveitar a “rica oportunidade” para “aprimorar o aprendizado” em operações de paz.
“Existe uma mudança positiva se compararmos o cenário daquela época com o atual. Vejo que o preparo está mais detalhado e o êxito da missão depende desse preparo”, afirmou. E completou: “Você vai uma pessoa e volta outra de lá”. Maria das Graças estará ligada ao Batalhão de Infantaria de Força de Paz (Brabat).
Já a tenente Paola parte para a nação amiga pela primeira vez. “Quero entender como o Brasil participa de missões de paz e como alcançou a excelência que possui”, explicou. A jornalista vai fazer parte da Companhia de Engenharia Brasileira no Haiti (Braengcoy). “Sou mais uma militar na missão. Além de executar tarefas típicas da profissão, estarei à disposição para quaisquer outras iniciativas que precise”, disse. Atualmente, o Brasil possui ao todo 14 mulheres no Brabat, quatro na Braengcoy e uma no Grupamento de Fuzileiros Navais.
Peacekeepers
O chefe da Divisão de Doutrina do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), capitão-de-corveta Rogério de Mello Francesconi, ministrou palestras sobre igualdade de gênero e proteção de crianças nas operações de paz.
De acordo com Francesconi, os peacekeepers (mantenedores da paz) têm como atribuições reportar às autoridades casos de sequestro, rapto, estupros, ataques a escolas e recrutamento ilícito de soldados. Além disso, os militares brasileiros devem presar pelo cumprimento de não utilizar mão de obra infantil haitiana. “A proteção à criança também faz parte da promoção dos direitos humanos. Elas são o futuro da nação”, salientou.
O chefe também falou sobre qual seria o relacionamento ideal da tropa com os diversos organismos e entidades nacionais e internacionais que trabalham no Haiti. “A Organização das Nações Unidas espera que a nossa atuação seja integrada com essas instituições. É importante manter boas relações.”
No que diz respeito à assistência humanitária, o capitão-de-corveta lembrou que as ações realizadas no país caribenho precisam ter como objetivo beneficiar a população local. E devem acontecer, ainda, sem discriminação étnica, de gênero, nacionalidade, religião, entre outras.
Quando necessário, o contingente brasileiro age em iniciativas de auxílio a vítimas de enchentes, retirada de escombros, ações cívico-sociais e construção de estradas, por exemplo. “O sucesso de uma operação de paz não depende só dos peacekeepers, mas de um trabalho efetivo de relacionamento com todos os outros atores do país”, finalizou.