O governo de Portugal anunciou nesta quinta-feira que David Neeleman, dono da Azul, e o presidente do grupo de transportes português Barraqueiro, Humberto Pedrosa, venceram o processo de privatização da TAP. Eles pagarão € 354 milhões por 61% da aérea. A decisão foi tomada no Conselho de Ministros. O Barraqueiro detém 50,1% do consórcio vencedor, o Gateway, cumprindo o requisito da nacionalidade europeia obrigatório para quem controla companhias aéreas. A holding DGN, do brasileiro-americano Neeleman, detém os outros 49,9%.
Em nota, a Azul parabenizou seu fundador e diretor-presidente pela vitória no processo de privatização da TAP e destacou a importância do negócio: “A companhia acredita que essa aquisição será uma oportunidade muito boa para o Brasil, uma vez que Portugal é a principal entrada dos brasileiros para a Europa e vice-versa, com aproximadamente 1,8 milhão de pessoas por mês que viajam por esta rota, sendo a maioria à lazer. E a TAP é líder nesse mercado e fundamental para atender a essa demanda”.
Antes mesmo da confirmação oficial, fontes já afirmavam que a proposta de Neeleman havia sido considerada pelo Conselho de Ministros “muito melhor” do que a apresentada pelo colombiano-brasileiro Germán Efromovich, da Avianca.
O consórcio Sagef, do grupo Synergy e de Efromovich, fez uma oferta de € 350 milhões: € 250 milhões em dinheiro e € 100 milhões em 50 novos aviões. E, de acordo com o site do jornal Diário Económico, a disponibilidade para investir e os projetos de capitalização da empresa foram determinantes para a decisão do governo português.
Neeleman
Dono da terceira maior aérea do Brasil — chegou a ser cotado como possível comprador da TAP na primeira tentativa de privatização feita pelo governo, no final de 2012. Mas o negócio não foi à frente. De acordo com o jornal Público, a oferta feita por Neeleman agora aposta no desenvolvimento da operação no Brasil e numa investida no mercado dos Estados Unidos.
Em maio, o governo escolheu os consórcios Gateway e Sagef para negociações diretas. Depois disso, as duas empresas tiveram de apresentar propostas finais, com melhores condições face às iniciais. Neeleman e Efromovich entregaram a documentação final ao governo português na sexta-feira passada. E ambos melhoraram suas ofertas financeira e tecnicamente.
ALIADO DE NEELEMAN É O 15º HOMEM MAIS RICO DE PORTUGAL
De acordo com o site Expresso, Pedrosa é o 15º homem mais rico de Portugal e o maior empregador do setor dos transportes. O Barraqueiro é o líder na Península Ibérica no transporte rodoviário de passageiros, além de ferroviário e metroviário.
Ainda segundo o site Expresso, Pedrosa também detém 49% da Rede Nacional de Expressos, a E.V.A. Transportes, a Frota Azul, a Rodoviária de Lisboa, a Rodoviária do Alentejo, entre outras. Possui o negócio das concessões de transportes ferroviários de passageiros, como a Fertagus, o Metrô do Sul e o Metrô do Porto.
Em 2011, Portugal concordou em vender a TAP como uma das condições para receber ajuda do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia. No ano seguinte, o governo rejeitou a única proposta de compra, feita pela Synergy, alegando falta de condições financeiras previstas pelo investidor latino-americano.
Em novembro de 2014, o governo português decidiu relançar o processo de privatização, visando a venda de 66% da TAP, sendo 5% reservados aos trabalhadores. Os 34% restantes devem permanecer em poder do Estado.
A venda da TAP permitirá uma injeção de capital na companhia para reforçar suas operações e renovar sua frota, pontuou o primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho em março.
FONTE : O Globo