Profissionais de diversas áreas, que levam a sério seu trabalho, buscam se aperfeiçoar cada vez mais. Médicos, dentistas, advogados, motoristas, jogadores de futebol, etc. Todos fazem cursos de aperfeiçoamento e especialização, levam anos estudando, melhorando seus conhecimentos, estão sempre treinando, aprimorando seu condicionamento físico e memória muscular, sempre no intuito de ser o que há de melhor na sua profissão e desta forma oferecer o melhor serviço ou produto a seus clientes. No mínimo estes profissionais treinam para conhecer o funcionamento de suas ferramentas de trabalho. E quanto ao profissional de segurança? Ele também não deve ser diferente, deve buscar o aperfeiçoamento, treinar, estudar cada vez mais, participar de cursos e palestras sobre sua área. Seja qual for à especialidade: segurança pessoal; transporte de valores; escolta armada ou segurança patrimonial; não importa, pois o que realmente temos que entender é que não se pode acreditar que uma atividade, que lida com o risco e que se propõem à proteger, seja qual for seu objeto de proteção, vidas ou patrimônio financeiro, este profissional conte somente com a formação básica e um intervalo para reciclagem a cada 24 meses, acreditando que isto por si só irá proporcionar o condicionamento ou adestramento adequado ao que se espera de sua missão.
Empresas de segurança, profissionais, empresários e principalmente os próprios clientes devem entender que treinamento para este segmento tem que ser constante. Tudo tem que ser treinado a exaustão, desde o procedimento básico de uma simples rotina de controle de acesso, até os mais complexos como técnicas de tiro avançado, identificação de suspeitos, etc. O que não se pode é ficar sem treinar, pois se o profissional de segurança não está 100% preparado e condicionado para realizar com perfeição tudo que se propõem a fazer não há nenhuma garantia neste tipo de trabalho, e não é esta a nossa proposta, pois garantia é a essência da segurança.
Não é meramente preocupação com um calendário de treinamento quando há alguma obrigação contratual junto ao cliente, previsto na legislação pertinente ou quando algo deu errado na execução de determinada rotina, e então, às vezes tarde demais, é visto que só precisava ter treinado para dar tudo certo. Trata-se de consciência, de cultura de segurança, que só se adquire quando mudamos de uma postura que aceita conviver com o risco de dar errado porque não treinamos, e a justificativa é que não precisamos, pois já sabemos o que fazer. Isso não é aceitável! O que de fato devemos adotar como postura é uma cultura de treinamentos periódicos e constantes, específicos para cada tema, ou seja, determinar uma meta e seguir um programa de treinamento voltado ao cenário que o profissional de segurança está atuando.
O programa de treinamento sempre deve ser voltado ao perfil de atuação de cada segmento da segurança, exemplo é o caso de segurança pessoal, onde no plano de segurança pessoal deve constar avaliação das habilidades dos seguranças, isto é fundamental, não só na sua contratação, mas periodicamente, e a forma de fazê-lo é com base nos índices resultantes do treinamento especifico.
Na segurança pessoal até mesmo o protegido deve participar dos treinamentos de sua equipe de seguranças, para que haja uma inteiração muito bem coordenada dos procedimentos adotados. A ideia é existir um entrosamento entre protegido e protetores, não se trata de sugerir que o VIP esteja preparado para reagir em caso de algum atentado, muito pelo contrário! Esse é o papel dos seguranças, mas numa filosofia de segurança, onde a preservação da vida é o objetivo principal, não se pode acreditar que haverá sucesso se a peça chave, que é o protegido, não sabe o mínimo necessário quanto a seu comportamento em uma situação extrema, e alguém só pode saber o que fazer, ou o que não fazer, após ter participado de um treinamento com este fim.
Quanto ao transporte de valores e escolta armada, também devem treinar intensamente. O ideal é que antes de cada saída para um dia de serviço haja pelo menos um ensaio de procedimentos de embarque e desembarque do veículo de serviço, que esta rotina fosse revista todos os dias, e que pelo menos executassem um treinamento de tiro por mês, no mínimo trimestralmente. Sempre que apanhassem o armamento na reserva de armas, antes de cada saída às ruas, deveriam checar os procedimentos e simular as contramedidas para casos de ataque.
No segmento o vigilante patrimonial é o que menos tem treinado, pois a estes profissionais de segurança tem sido relegado apenas o convencional, a formação básica e a reciclagem (como já mencionado anteriormente a cada 24 meses!), e isso só não basta, pois os cenários em que o vigilante patrimonial atua são dos mais diversos: segurança hospitalar, industrial, comercial, bancária, condomínios, grandes centros empresariais, etc. Também a eles o mínimo é um treinamento de tiro trimestral, combate a incêndio, e rotina dos procedimentos de serviço diariamente.
O profissional de segurança que esta constantemente participando de treinamentos conhece suas limitações e aprimora suas habilidades, tem autoestima, corrigi suas deficiências, melhora a postura. Por outro lado quem não treina vive na crença de que é capaz por natureza e esta fadado ao fracasso a qualquer momento.
Jorge Claudio Macabu Manhães é gestor de Segurança Empresarial e Consultor de Segurança.