O Escritório de Projetos do Exército do Brasil (EPEx), criado em 2012 avalia, propõe, coordena e integra os esforços para viabilizar a realização de projetos estratégicos do Exército, com características de grande porte associadas à complexidade tecnológica e financeira.
Desde 2012, o EPEx une forças em torno de sete projetos: Guarani, Defesa Cibernética, Defesa Antiaérea, Proteger, Recop, Astros 2020 e Sisfron. Iremos apresentar cada um dos projetos, seus objetivos, desafios e novidades em uma série de reportagens, começando com o Projeto Guarani.
Projeto Guarani desenvolve veículos e munições
O objetivo geral do Guarani é modernizar a frota utilizada pelas organizações militares de cavalaria e de infantaria. Mais especificamente, as metas são substituir as viaturas da cavalaria – cuja frota em operação data da década de 1970 – e transformar a frota da infantaria em mecanizada, deixando para trás os veículos motorizados.
Para alcançar essas metas, desde 2009 o Guarani vem criando novos modelos de viaturas. As primeiras a serem fabricadas foram as VBTP-MR (Viatura Blindada de Transporte de Pessoal – Média de Rodas Guarani), apelidadas com o mesmo nome do projeto, e das quais já foram construídas 158 unidades.
O exército também substituirá outro veículo de tecnologia ultrapassada, o Cascavel, por um novo modelo, a VBR-MR (Viatura Blindada de Reconhecimento – Leve de Rodas). Tanto as famílias de veículos Urutu como as do Cascavel estão em uso há mais de 30 anos. “As novas versões são muito superiores em performance. O desempenho motor, a manobrabilidade, a blindagem e a capacidade anfíbia se destacam em relação às versões antigas”, afirma o chefe do Projeto Guarani, Coronel José Henrique de Cássio Ruffo.
Veículos modernos, armamento moderno
Atualmente, as viaturas passam pela etapa de integração com o sistema de comando e controle (sistema de transmissão de mensagens de voz, de imagens e de dados entre viaturas e entre a viatura e um posto de comando) e com o sistema de armas. Em 20 de março, a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) entregou a munição 30x173mm, que será utilizada nos blindados 6×6 VBTP-MR. A munição é resultado de um processo de pesquisa e concepção realizado com tecnologia 100% nacional.
O produto tem alcance útil de dois quilômetros e será empregado nos canhões 30mm Bushmaster II/MK 44, que equipam os blindados. As munições 30mm servem para um dos três sistemas de armas suportados pelas viaturas Guarani. Os outros dois são: uma torre automática que pode receber metralhadoras .50 e 7,62mm; e ainda um lançador de granada 40mm. Até o final de 2015, todas as 158 viaturas VBTP-MR Guarani estarão equipadas com os dois sistemas (de comando e controle e de armas).
As VBR-MR também estão sendo fabricadas pela Iveco, empresa responsável pelas VBTP-MR Guarani. A linha de montagem está instalada na cidade de Sete Lagoas, no estado de Minas Gerais. A entrega começará em 2019, mas não está definido quantas VBR-MR serão construídas, já que o Exército está analisando os custos desse investimento.
Neste ano, o Exército também selecionará uma empresa para fabricar o blindado 4×4 VBMT-LR (Viatura Blindada Multitarefa – Leve de Rodas). Ela será utilizada junto com os VBR-MR em operações de pequeno porte. Em janeiro, o Exército recebeu propostas de quatro empresas – nacionais e estrangeiras – interessadas em participar da concorrência para o desenvolvimento do 4×4.
A definição da empresa vencedora será ainda em 2015 e a previsão é de que os primeiros veículos deverão estar prontos seis meses após a assinatura do contrato. Depois dessas três versões, virão outras. “Atualmente, o Exército necessita obter 60 novas viaturas por ano, até 2035”, afirma o Coronel Ruffo.
Veículos Guarani ajudam na pacificação de favelas e na defesa das fronteiras
Dos 158 veículos Guarani entregues ao Exército Brasileiro, 50 já estão em operação. Os veículos estão sendo utilizados atualmente no Complexo da Maré, conjunto de favelas no Rio de Janeiro onde as forças de segurança atuam no processo de pacificação.
Em 17 de março, outros exemplares dessas viaturas seguiram para o Mato Grosso do Sul, onde passaram a integrar a 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. Ali, os blindados são utilizados em ações de combate ao crime organizado na faixa de fronteira, realizadas no âmbito do Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron).
O Guarani tem capacidade para 11 homens – nove combatentes, um atirador e um condutor. O design modular permite a incorporação de diferentes torres, armas, sensores e sistemas de comunicações no mesmo veículo. Por isso, ganha em versatilidade, podendo ser empregado em operações militares de ataque, defesa, patrulhamento e missões de paz.