Multinacional norte-americana Agilent equipa unidade móvel do Exército montada para prevenir ataques químicos durante a Copa.
Quem já acompanhou as aventuras dos especialistas forenses Gil Grissom e Sara Slide no seriado americano “CSI: Investigação Criminal” provavelmente conhece, mesmo sem saber, a multinacional americana Agilent.
Com frequência, equipamentos fabricados pela companhia fornecem pistas decisivas para a solução dos crimes fictícios investigados pelo Departamento de Polícia de Las Vegas. Por detrás de nomes complicados, como o do espectrofotômetro infravermelho, está uma empresa presente em mais de cem países, com um total de 20,6 mil funcionários, e que só no ano fiscal de 2013 faturou US$ 6,8 bilhões.
No Brasil, a tecnologia da Agilent já era utilizada pela Polícia Federal e pelo Instituto de Criminalística de São Paulo, mas — com a Copa do Mundo— chegou ao entorno do Maracanã.
A partir de equipamentos adquiridos na segunda metade do ano passado, o Exército Brasileiro montou um laboratório móvel de testes capaz de identificar e medir substâncias tóxicas presentes no ar, facilitando a reação a um possível ataque com armas químicas, por exemplo.
As máquinas tornam possível ainda reconhecer com exatidão materiais tão distintos como cocaína e antrax, entre outros. O laboratório móvel — um furgão do Exército onde estão instalados os equipamentos — fica estacionado nos arredores do Maracanã em dias de jogos.
Nos Estados Unidos, as polícias de Nova York e do Alabama contam comesse tipo de unidade. Aqui, é o primeiro laboratório móvel com equipamentos nossos, diz o químico André Santos, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Agilent no país.
Embora atue no Brasil desde 1999, a Agilent ainda é bem menos conhecida no país do que a companhia da qual se originou: a HP.
Quando foi fundada, em 1939, a Hewlett-Packard — hoje fabricante de computadores — atuava principalmente na área de equipamentos de medição eletrônica. Ao longo das décadas, essa área cresceu, mesmo coma diversificação dos negócios da companhia.
Em 1999, os executivos da HP decidiram focar no segmento de computadores e fizeram uma cisão corporativa, criando uma empresa separada — a Agilent — dedicada às áreas de medição analítica, análise química, biociências, diagnósticos, eletrônica e comunicações.
“Na época, o faturamento total da HP era de US$ 48 bilhões, sendo que US$ 40 bilhões vinham do negócio de computadores e US$ 8 bilhões de medições químicas e eletrônicas”, conta Santos.
No país, a empresa tem duas divisões principais: a de medições eletrônicas e a de biociências (englobando ciência forense, análise química e segurança alimentar, entre outras). Na parte de medições químicas, a tecnologia é usada para identificar a presença de contaminantes na água e em alimentos.
São equipamentos que permitem medir, por exemplo, a presença, no suco de laranja industrializado, de resíduos dos pesticidas usados na citricultura. Apoiadora da “CSI: The Experience”, exposição interativa de ciências baseada na série transmitida pela CBS, a Agilent fabrica equipamentos capazes de identificar o uso contínuo de drogas, por meio de análise de fios de cabelo.
“Os testes de urina e sangue conseguem detectar apenas se a pessoa consumiu drogas nos últimos dias, num prazo de no máximo uma semana”, explica Santos. O processo é possível porque substâncias secundárias oriundas da metabolização da droga pelo organismo vão se acumulando no cabelo ao longo dos anos.
A análise química em nível molecular é útil também para identificar drogas que as autoridades ainda desconhecem. “As drogas sintéticas são,muitas vezes, geradas a partir de alterações no nível molecular de substâncias já conhecidas, como o THC (tetrahidrocanabinol, o princípio ativo da maconha)”, diz o gerente de Desenvolvimento de Negócios.
“À medida que novas drogas são identificadas, as autoridades ampliam a lista das substâncias proibidas”. Foi justamente numa cena de apreensão de drogas, em “CSI: Investigação Criminal”, que o executivo reconheceu um dos aparelhos da Agilent. “Vejo CSI muito raramente”, diverte-se Santos. “Os aparelhos não funcionam de verdade mas são idênticos aos reais”, conclui.
FONTE : Jornal Brasil Econômico