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Friday, 22 de November de 2024
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Manutenção de blindados: terceirizar ou assumir a realização?

Exército
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F02-13882

O Exército Brasileiro tem estabelecido contratos no sentido de terceirizar algumas tarefas relativas à manutenção de viaturas blindadas. Esta linha de ação apresenta, dentre outras vantagens, a possibilidade de empregar os Recursos Humanos de Manutenção em funções de maior importância, flexibilizando, assim, o emprego da mão de obra especializada em atividades prioritárias. Outra vantagem é a possibilidade de contratar serviços específicos diretamente do próprio fabricante, que garantirá uma constante atualização dos métodos e técnicas utilizados na tarefa de manutenção.

Contudo, se a terceirização for contratada de forma equivocada ou sem planejamento, pode acarretar alguns inconvenientes como o aumento dos custos em manutenção e a desvalorização ou desmotivação dos mecânicos especialistas, entre outros. No âmbito da Tropa Blindada, o contrato firmado entre o Exército Brasileiro e a Krauss Maffei Wegmann (KMW), uma das fabricantes da VBCCC LEOPARD 1A5 BR, exemplifica de forma clara um paradigma desse tipo de relacionamento.

Nesse contrato, que é denominado Suporte Logístico Integrado (SLI), em linhas gerais, a fabricante KMW é responsável pela garantia dos suprimentos necessários à manutenção da frota, bem como ao reparo de componentes e equipamentos avariados. Os mecânicos das OM continuam realizando as suas tarefas. Outra vantagem dessa parceira é que os mecânicos de chassi e de torre das viaturas blindadas não perdem o contato com a manutenção, uma vez que cabe a eles a responsabilidade de realizar a manutenção preventiva e aplicar os suprimentos, quer sejam eles novos, ou reparados.

Ainda nesse contrato, houve a previsão de treinamentos aos mecânicos na modalidade “on the job training” nas Organizações Militares e nas instalações da matriz da empresa, localizada na República Federal da Alemanha. A modernização da VBTP M113 BR é outro exemplo de terceirização dos serviços de manutenção. No caso do M113 BR, foi contratada a empresa BAE Systems para promover a substituição do conjunto de força (motor + sistema de transmissão), mecanismo de pivoteamento, sistema de arrefecimento e inclusão de novos itens no sistema de suspensão.

Além da substituição de componentes, a empresa foi responsável pelo fornecimento de peças sobressalentes, ferramental e transmissão da tecnologia indispensáveis na execução da manutenção e modernização. Segundo Joe McCarthy, vice-presidente e gerente geral da área de Veículos de Combate da BAE Systems, o trabalho de modernização apresentou baixo custo e ofereceu vários benefícios ao Exército Brasileiro, inclusive melhor desempenho e confiabilidade do veículo.

Outro exemplo no âmbito da Tropa Blindada é o Projeto Estratégico GUARANI, o desenvolvimento da VBTP-MR 6×6 GUARANI tem como principais atores o Exército Brasileiro e a empresa italiana IVECO DEFENCE. Nesse contexto, de maneira análoga às demais iniciativas supracitadas, a IVECO coopera com o CI Bld nos treinamentos de capacitação e especialização dos mecânicos, bem como o fornece o suprimento e o ferramental a ser empregado nas manutenções preventiva e corretiva. Atualmente, a manutenção destas viaturas blindadas vem sendo realizada em sua totalidade pelo fabricante, uma vez que ainda não se expirou o prazo de garantia pós aquisição. Tão logo esta garantia seja encerrada, a expectativa é de que o Exército Brasileiro assuma as manutenções preventiva e corretiva.

A perspectiva é a criação de um novo Suporte Logístico Integrado para esta viatura, similar ao ocorrido no Projeto LEOPARD. Dessa forma, é possível usufruir das vantagens provenientes dessa terceirização e beneficiar-se da experiência adquirida com o SLI Leopard. O próprio SLI Leopard está passando por discussão, haja vista o encerramento do contrato atual em 2016. O assunto terceirização requer detalhado e criterioso estudo, se possível, realizado por um grupo de trabalho multidisciplinar, para escolha da empresa a ser contratada assim como das tarefas por ela executada.

Estima-se que a contratação do próprio fabricante, por ser este o maior detentor de tecnologia aplicada ao material, seria uma boa prática. Quanto às atividades a serem desempenhadas pela empresa contratada é interessante que sejam as de menor relevância, a fim de se disponibilizar maior tempo para nossos Recursos Humanos executarem as tarefas primordiais. Sendo assim, nossos especialistas estarão inseridos no processo de manutenção e caso ocorra uma ruptura na parceria com a empresa contratada, os efeitos negativos para manutenção serão mínimos.

No entanto, cabe destacar, que não seria conveniente a contratação de empresas para realizar as tarefas essenciais ou até mesmo a totalidade da manutenção de viaturas blindadas. Pois estaria em desacordo com a nossa doutrina militar terrestre e nos tornaria dependentes da empresa. Por fim, pode se concluir que a terceirização da manutenção de viaturas blindadas, quando bem definidas as responsabilidades das partes, apresenta um número superior de vantagens em relação às desvantagens.

Aos Comandantes em todos os níveis, sugere-se acompanhar a execução das atividades e sugerir aperfeiçoamentos à execução das tarefas, para que os órgãos competentes possam dimensionar futuros contratos com a eficiência necessária a manter a Tropa Blindada em plena estado de operatividade.

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

O Autor do texto, o Srº Alex Alexandre de Mesquita é Tenente.-Coronel da Arma de Cavalaria e Comandante do Centro de Instrução de Blindados contou com a colaboração do Major Marcus Paulo Velozo Chefe da Seção de Ensino de Manutenção de Blindados do CI Bld.

Fonte | Fotos: operacional