A última vez em que o Exército Brasileiro foi empregado em uma ação de defesa química real foi no acidente com o Césio 137 em setembro de 1987, em Goiânia (GO). Desde essa data, muita coisa mudou em relação aos equipamentos e às técnicas empregadas em caso de um ataque químico ou de um acidente como aquele. Materiais modernos foram adquiridos, militares foram treinados e organizações militares foram criadas ou evoluíram.
Esse é caso do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), criado em 2012. O Batalhão surgiu da evolução da Companhia Escola de Guerra Química, que passou a se denominar Companhia de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear em 1987. Essa Subunidade atuou de setembro a dezembro de 1987, na cidade de Goiânia, para realizar a descontaminação de pessoal, material e equipamento contaminados naquele acidente. Nos anos seguintes, militares continuaram a ser treinados e foram se especializando e se preparando para um possível emprego.
Os eventos internacionais, sediados no País nesta década, exigiram a atenção de todos. Além disso, a mudança da conjuntura internacional em relação a crimes de terrorismo também corroborou a preocupação do Brasil com a Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear. Em virtude desse contexto, o 1º Batalhão DQBRN atuou nos Jogos Mundiais Militares de 2011 (ainda como Companhia), na Copa das Confederações de 2013, na Jornada Mundial da Juventude de 2013 e na Copa do Mundo de 2014. Estima-se que essa situação de emprego irá se repetir nos Jogos Olímpicos Rio/2016.
Na semana do Evento Teste de Hipismo para o grande evento de 2016, realizado no Rio de Janeiro, o Batalhão demonstrou estar pronto para ser empregado e sua atuação foi acompanhada pela Televisão Central da China – Rede CCTV. Para o Comandante do 1º Batalhão DQBRN, o interesse da mídia de outros países é significativo. “Esse interesse revela o quanto o Brasil está preparado em relação à DQBRN e o quanto o tema é importante num contexto de conflitos assimétricos, como os que o mundo atravessa atualmente.”
Um Posto de Descontaminação foi montado nas instalações do Batalhão para demonstrar como esse trabalho é realizado. Em uma simulação, o local recebeu pessoal e material contaminados, o que desencadeou vários tipos de descontaminação. Três pessoas passaram por esse processo em uma tenda pneumática. Nesses casos, aplica-se um produto conhecido como BX_29, exclusivo para uso em pessoas.
Um circuito para eliminar material químico de uma viatura também foi montado. O produto utilizado nesse caso é o BX_24, que é aplicado por um lançador de jato de pressão conhecido como SanijetGun. Uma série de equipamentos sensíveis foi analisada por um Laboratório Móvel do Centro Tecnológico do Exército. Em uma tenda, foi efetuada limpeza de material por meio do calor. Nela, a temperatura interna chega a 200º C.
De acordo com o Comandante do 1º Batalhão DQBRN, a evolução da Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear é grande. “O interessante é que essa estrutura exista, esteja pronta e que não seja empregada além do necessário. Mas, se for preciso, não pode falhar, porque sua falha pode significar um desastre que coloca em risco a sociedade brasileira”, avalia o militar.