Até junho deste ano, o Exército Brasileiro vai receber nove viaturas modernizadas, preparadas para lançar foguetes e o primeiro Míssil Tático de Cruzeiro do país. As novidades integram o projeto estratégico Astros 2020. Criado em 2011, o Astros 2020 prevê a entrega de um moderno aparato de artilharia, capaz de fazer o Exército se unir às outras Forças Armadas no desenvolvimento do potencial de dissuasão do Brasil.
Esse aparato inclui um Míssil Tático de Cruzeiro (MTC), um Foguete Guiado (SSFOF), um sistema de simulação integrado (SIS-ASTROS 2020) e uma nova sede para o complexo de artilharia (Forte Santa Bárbara).
Modernizar uma frota antiga
Até meados do ano passado, o Brasil possuía 38 viaturas cuja versão do sistema lançador de foguetes é incompatível com o uso dos novos armamentos desenvolvidos pelo projeto, explica o General de Brigada José Júlio Dias Barreto, chefe do projeto Astros 2020.
Para atender às demandas de transformação da força de artilharia, o Exército firmou contrato com a Avibras Indústria Aeroespacial para a modernização de sua antiga frota e aquisição de novas viaturas no padrão MK6. Em junho de 2014, um primeiro lote de nove unidades MK6 foi entregue e mais 20 foram contratadas. O Astros 2020 prevê a aquisição de 50 novas viaturas e a modernização de toda a frota antiga.
“O primeiro lote de viaturas modernizadas será entregue até junho deste ano. O segundo lote está em fábrica. Cada um desses dois lotes é composto por seis viaturas Lançadoras Múltiplas Universais (AV-LMU) e três Remuniciadoras (AV-RMD)”, diz o General de Brigada Barreto. “As viaturas modernizadas terão a mesma capacidade e a mesma operacionalidade das novas viaturas, podendo lançar o Míssil Tático de Cruzeiro e os Foguetes Guiados que estão sendo desenvolvidos.”
A expectativa é de que até 2020, o país tenha dobrado a capacidade do seu sistema de apoio de fogo de longo alcance, passando a operar com cerca de 100 viaturas nos seus dois grupos: o 6º e o 16º Grupos de Mísseis e Foguetes.
“O número de viaturas que estão sendo modernizadas e adquiridas ainda não será suficiente, mas é um importante passo rumo ao fortalecimento da defesa nacional”, diz o General de Brigada Barreto. “É um imenso upgrade. Na Estratégia Nacional de Defesa, o plano é equipar três grupos. Mas esse terceiro grupo não está incluído no Astros 2020. Isso será para depois, entre 2020 e 2030.”
No segundo semestre de 2015, o Exército prevê a participação do sistema Astros 2020 em duas operações. Uma é a Operação Atlântico, que envolve também a participação da Marinha e da Aeronáutica e tem a missão de realizar adestramento e promover maior interação entre as Forças Armadas. A outra operação será realizada pelo Comando Militar do Oeste, com sede em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Novas viaturas são usadas para adestramento de militares
As novas viaturas MK6 concluídas em 2014 foram entregues ao Campo de Instrução de Formosa, localizado no estado de Goiás. Desde então, elas têm sido usadas no adestramento dos profissionais que irão operá-las. Em abril, será realizado o segundo treinamento para o uso desse equipamento no Centro de Instrução de Artilharia de Foguetes, situado no Campo de Formosa. O primeiro ocorreu no ano passado.
Além dos exercícios realizados no Campo de Formosa, o Exército avança com o projeto de desenvolvimento do sistema de simulação SIS-ASTROS 2020. O objetivo é garantir a plena capacitação dos soldados que irão operar as viaturas. “O controle de uma viatura é tão complexo quanto o de um avião”, diz o General de Brigada Barreto. “O sistema de simulação consiste em um conjunto de equipamentos que permitirá repetir com exatidão o processo de lançamento dos mísseis e foguetes das viaturas.”
Orçado em R$ 9 milhões (US$ 2,9 milhões), o projeto do simulador é resultado de uma parceria entre o Exército e a Universidade Federal de Santa Maria. A meta é concluir os sistemas operacionais e o hardware do equipamento até 2018 e, então, contratar uma empresa especializada para construir os simuladores.
Mísseis Táticos de Cruzeiro e Foguete Guiado em fase de teste
As novas viaturas são apenas um componente da modernização da força de artilharia do Exército. Neste ano, por exemplo, o Exército planeja uma série de testes para o Míssil Tático de Cruzeiro e o Foguete Guiado. O míssil está em desenvolvimento desde 2012 e deve estar pronto em 2018, com um alcance de 300 quilômetros e uma ogiva com carga explosiva de 200 quilos.
O Foguete Guiado deve ser concluído em 2016. A principal vantagem desse tipo de armamento é sua precisão. O Brasil atualmente opera com um sistema de saturação de área em que o foguete lançado acaba destruindo toda a região onde está o alvo. Com o Foguete Guiado, será possível atingir um ponto específico.
“Ter esses equipamentos nos torna mais preparados para defender o território nacional”, diz o General de Brigada Barreto. “Costumamos dizer que podemos passar 100 anos sem entrar em guerra, mas não podemos passar nem um minuto sem estar preparados para a guerra.”
Novas obras no Forte Santa Bárbara
O Forte Santa Bárbara está sendo construído no mesmo local do Campo de Formosa, no estado de Goiás, a 70 quilômetros de Brasília. Dentro dos próximos cinco anos, o espaço estará devidamente equipado para abrigar a sede do complexo de artilharia. Essa meta atende às diretrizes de defesa que buscam posicionar as reservas estratégicas do Exército Brasileiro no centro do país, de onde poderão com maior facilidade se movimentar para qualquer direção do território nacional.
O Forte abrigará seis unidades, das quais duas já estão com as paredes levantadas e devem ser concluídas em 2016: o Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes e o Centro de Logística de Mísseis e Foguetes. A previsão é de que cada unidade leve três anos para ser construída, contando a partir da data de início da construção.
“Em 2015, vamos fechar contrato para início das obras da unidade que vai abrigar o 16º Grupo de Mísseis e Foguetes e a Base de Administração e Apoio do Comando de Artilharia”, conta o General. Ainda este ano, será desenvolvido o projeto arquitetônico do Quartel General do Comando de Artilharia do Exército. “Vai ficar faltando o projeto da Bateria de Busca de Alvos, que será feito posteriormente”, adianta o general.