Preservar a valorosa história de uma nação é tarefa de todos os seus cidadãos. Entretanto, um grupo de aproximadamente 20 homens do Clube de Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro, decidiu preservar a história colocando viaturas com mais de 40 anos, beberronas e impecavelmente preservadas para rodar na estrada 400km durante a 4ª edição da “Coluna da Vitória.
O evento organizado pela Associação Brasileira de Preservadores de Viaturas Militares, com o apoio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx) e da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), é realizado anualmente e tem por objetivo celebrar e preservar a história da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.
A edição de 2016 foi realizada no trecho entre Resende (RJ) e Rio de Janeiro e foi integrada ao V Seminário Nacional sobre a Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial (SENAB – 2ª GM) que ocorreu no Rio de Janeiro entre 26 e 29 de novembro de 2016.
A participação das viaturas teve início com o raiar do sol do dia 26, quando oito viaturas saíram do Rio de Janeiro e Nova Friburgo (RJ) em direção a Resende, cidade sede da AMAN. Com a chegada na academia, uma viatura de São Paulo agregou-se ao comboio e uma exposição foi montada em frente ao portão monumental da instituição. Com a presença do Gen Bda Severino de Ramos Bento da Paixão, diretor da DPHCEx; e do Gen Bda André Luis Novaes Miranda, diretor da AMAN, o comboio desfilou pelos principais pontos da cidade, atraindo a atenção da população e estacionando no Parque das Águas, ponto turístico da cidade, onde novamente foi montada uma exposição estática.
Na madrugada do dia 27 o frio da cidade do sul Fluminense fez companhia aos preservadores que prepararam as viaturas para o início oficial da “Coluna da Vitória”. Exatamente as 05:50 da manhã as nove viaturas deixaram a academia em direção a Quinta da Boa Vista, antiga morada da família real portuguesa, e que aguardava a coluna com atividades programadas pelo Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército (CEPHiMEx). A população que decidiu dedicar sua manhã de domingo para conhecer um pouco da história da FEB não se arrependeu. Além de presenciar a chegada da “Coluna da Vitória”, tiveram a oportunidade de assistir a apresentações musicais e a reencenação da rendição da 148º Divisão de Infantaria alemã (148. Infanterie-Division) para os soldados brasileiros durante a Segunda Guerra. A reencenação foi produzida pelo Grupo de Preservação da História da FEB Cap. Cobra, que utilizaram uniformes da época e a réplica de uma viatura Volkswagen Kübelwagen, pertencente ao Imperial Jipe Clube, para trazer um agradável realismo a encenação, uma verdadeira viagem no tempo. Além do diretor da DPHCEx, participaram da solenidade o Gen Ex João Camilo Pires de Campos, chefe Departamento de Educação e Cultura do Exército; o Gen Bda Flavio Marcus Lancia Barbosa, diretor da Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial; o Gen Bda Márcio Tadeu Bettega Bergo, diretor do CEPHiMEx; e do Cel Alexandre Ricardo Santos de Quadros, diretor do Arquivo Histórico do Exército.
Se os dois primeiros dias do V SENAB foram de muita adrenalina e atividades ao ar livre, os dois dias que se seguiram foram de muito conhecimento e aprendizado no histórico Palacete Laguna, sede do CEPHiMEx. Trabalhando com a temática “Armamentos, Viaturas, Equipamentos, Uniformes e Símbolos da Força Expedicionária Brasileira (FEB)”, foram realizadas mais de dez comunicações e diversas palestras como a adaptação dos “Pracinhas” aos hábitos e aos materiais norte-americanos, pelo Gen Bda Bergo; a participação da Marinha do Brasil na 2ª Guerra Mundial, pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha; a participação da Força Aérea Brasileira na 2ª Guerra Mundial, pelo Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica. O Cel Cláudio Skôra Rosty, pesquisador do CEPHIMEX, apresentou ao público o documentário “ Conversando com os Veteranos da FEB” e o engenheiro Marcos Moretzsohn Renault Coelho, presidente da Associação Brasileira de Preservação de Viaturas Militares, fez uma apresentação sobre a associação, o valioso trabalho de restauração desenvolvido pela instituição e o projeto do Museu Vivo de Viaturas Militares, desenvolvido em parceria com a DPHCEx e que tem por objetivo apoiar o Exército na preservação da história da motomecanização brasileira através de convênios e projetos de restauro.