O Gripen, considerado um dos caças mais modernos do mundo, é um avião “de pilotagem dócil”. Foi assim que a aeronave foi definida pelo piloto brasileiro capitão Ramon Santos Fórneas, que fez ontem seu primeiro voo no caça que vai dar origem à versão comprada pelo Brasil, o Gripen NG.
Além de Fórneas, o capitão Gustavo de Oliveira Pascotto também fez ontem seu primeiro voo no Gripen D. “Foi melhor do que eu esperava. A aeronave é de pilotagem dócil”, disse Fórneas, após voo de 50 minutos, iniciado na base aérea de Satenäs, ao sul da Suécia, às 10h (6h horário de Brasília).
Subida
Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), os dois Gripen voaram em uma área de instrução sobre a Suécia e o Mar Báltico. Após a decolagem, foi feita uma subida até 10.638 metros de altura em um minuto e meio, uma taxa de subida de 118 metros por segundo. Para cumprir o cronograma de treinamento proposto pelos suecos, os brasileiros também fizeram acrobacias juntos, na chamada fase de familiarização.
Fórneas e Pascotto estão na base aérea de Satenäs desde o último dia 3, após passarem por uma rigorosa seleção entre os 12 esquadrões de caça do Brasil, cada um com 20 pilotos de aviões supersônicos. Foram 8 anos de preparativos para chegar ao dia de ontem.
A partir desse treinamento, que só acaba em 2015, os dois pilotos treinam para dominar todos os sistemas dos caças. Ao voltarem para o Brasil, eles serão instrutores dos pilotos brasileiros para a Gripen. O governo brasileiro fechou contrato com a Suécia para a compra de 36 caças Gripen NG, versão que ainda vai ser desenvolvida em parceria com o Brasil.
O contrato, de US$ 5,4 bilhões, prevê transferência de tecnologia, que será liderada pela Embraer, e participação de parceiras brasileiras. Os Gripen NG começam a ser entregues em 2019.
Três horas após o pouso ontem, os brasileiros já seguiram para um novo treinamento no simulador de voo, na base de Satenäs, onde fica a escola de pilotos do Gripen. Formados pela Academia da Força Aérea, no Brasil o capitão Fórneas é piloto de caças F-5 e o capitão Pascotto comanda caças Mirage 2000.
Diferenças
O Gripen voa duas vezes a velocidade do som, enquanto o F-5 faz 1,6 vezes. Embora de pequeno porte, o Gripen é bem maior que o F-5, que hoje é usado na defesa do espaço aéreo do Brasil.
Comparado com os outros caças, o Gripen é considerado uma avião leve, que pode operar a partir de estradas ou pistas –bastam apenas 500 metros para fazer um pouso.
Um esquadrão pode pousar em vários locais diferentes e no ar os aviões podem permanecer todos integrados. A versão NG leva mais combustível e terá sistemas mais modernos. Segundo a FAB, o Gripen pode fazer uma patrulha aérea de combate de 30 minutos a até 1.300 km de sua base sem reabastecimento.
No Brasil. A primeira unidade da Força Aérea Brasileira que deve receber o novo Gripen NG (New Generation) será o 1° Grupo de Defesa Aérea, baseado em Anápolis (GO), base de atuação do capitão Pascotto antes de ser enviado ao treinamento na Suécia.
No 1° Grupo de Defesa Aérea, outros seis pilotos serão preparados para instruções de pilotagem do Gripen. A equipe receberá todas as informações dos capitães Fórneas e Pascotto, que ficam mais seis meses em treinamento em Satenäs.
Os treinos feitos na base sueca incluíram teste em centrífuga, que projeta nove vezes a força da gravidade para adaptar o corpo dos pilotos a uma aeronave de alta tecnologia, como é o caso do Gripen.
FAB pode comprar mais 108 caças Gripen da Suécia
O acordo para a compra de 36 caças supersônicos Gripen NG da Suécia pelo Brasil, em contrato que inclui transferência de tecnologia, pode ser ampliado ainda mais.
A Força Aérea Brasileira estaria disposta a adquirir pelo menos mais 108 unidades em variações do avião, que podem incluir a versão naval do caça, chamada de Sea Gripen, ainda não desenvolvida.
A informação foi atribuída ao Brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate da FAB e teria sido dita em um evento em Londres na última terça-feira.
Contrato
Segundo a Força Aérea Brasileira, a única confirmação que existe em acordo da Suécia com o Brasil é o contrato de US$ 5,4 bilhões para os 36 caças, dentro do Programa FX-2. O número de 108 caças seria resultado de um estudo projetado pela Aeronáutica para as próximas décadas. Entre 2019 e 2024, o Brasil estará recebendo e produzindo as novas aeronaves, fabricadas em parceria com a sueca Saab e empresas brasileiras.
FONTE : O Vale