A Força Aérea Brasileira pagará US$ 245.325 milhões (cerca de R$ 869 milhões) por 70 mísseis e bombas israelenses de alta tecnologia, e 14 unidades de sistemas táticos de captação de informações de reconhecimento para aeronaves, que serão empregados nos novos caças Gripen NG, de acordo com documentos obtidos através da Lei de Acesso à Informação A esta reportagem, a Aeronáutica diz que não divulga os tipos e a quantidade de armas compradas para o Gripen NG por considerar o dado uma informação “estratégica”.
Na última quarta-feira (5), o Senado aprovou o financiamento da compra dos 36 jatos suecos pelo país: além do valor do armamento, o empréstimo engloba mais SEK (coroas suecas) 39.882.335.471 (cerca de R$ 15,9 bilhões), que serão pagos pelas aeronaves de combate, segundo a mensagem da presidente Dilma Rousseff ao Congresso.
Uma das bombas compradas pelo Brasil para o Gripen NG, conforme os documentos obtidos é a potente Spice, desenvolvida por Israel e com capacidade de atingir vários alvos simultaneamente com precisão a até 100 km de distância. Conforme o professor de relações internacionais Marco Túlio Freitas, especialista em terrorismo e em Israel, as Spice são consideradas “o estado da arte, o que há de melhor em bombas”.
“Se a compra das armas for efetuada, a FAB será considerada a melhor força aérea da América Latina. E, sobretudo, ganharemos a capacidade de lançar mísseis muito além do alcance da visão, com muita distância, podendo atacar alvos em terra, como instalações militares e civis. Teremos alto poder de incursão em áreas muito bem guardadas”, afirma o professor Marco Túlio Freitas. Segundo o professor Freitas, para se ter uma ideia da potência das bombas israelenses Spice, adquiridas pela FAB para o Gripen NG, elas poderiam ser usadas por caças F-35 ou F-16 em uma eventual incursão de Israel no Irã.
O Brasil comprou ainda mísseis alemães IRIS-T ar-ar, que possuem capacidade de aniquilar medidas eletrônicas do inimigo para impedir que a bomba acerte o alvo, explica o professor. Todas as bombas e mísseis terão a validade inicial estendida de 5 anos, conforme o documento da FAB.
Ataque por trás
A Aeronáutica encomendou ainda 10 unidades operacionais e 8 de treinamento do míssil A-Darter, que o Brasil está desenvolvendo de forma conjunta com a África do Sul e que poderá atingir até aeronaves que estejam se aproximando por trás do avião lançador. Segundo a Aeronáutica, R$ 300 milhões já foram investidos no projeto, que teve início em 2006. Com 2,98 metros de comprimento e 90 kg de peso, o A-Darter será guiado pelo calor e fará manobras que o levam a sofrer até 100 vezes a força da gravidade, com alcance máximo de 12 quilômetros.
Treinamentos
Um brigadeiro da reserva da FAB, especialista em combate aéreo e que pediu para não ser identificado, diz que se justifica a compra de pequena quantidade de munição devido ao uso ser raro e a validade, pequena. Os treinamentos atuais de lançamentos de mísseis de jatos ocorrem geralmente de forma simulada e em ambientes virtuais, em que o computador informa a possibilidade de real de acerto do alvo. São poucos, diz o brigadeiro, os oficiais que já tiveram a oportunidade de lançar uma bomba real no Brasil.
Próximo ao vencimento, a munição comprada é usada em treinamentos reais em em alto mar, em áreas controladas e com aviso antecipado, para impedir que embarcações passem pela região, informa o oficial. Durante o período de validade, as armas passam por manutenção contínua no ambiente de estocagem, com verificação de vários fatores, como umidade, qualidade dos sensores, etc.
Os dados obtidos pela reportagem sobre o tipo de armamento adquirido pelo Brasil (veja abaixo) constam em um inquérito do Ministério Público Federal que apura o valor pago pelo Brasil pelos jatos Gripen NG, que ainda estão em desenvolvimento. A previsão é de que as aeronaves comecem a chegar ao país a partir de 2019, junto com o armamento.
Míssil A-Darter
Desenvolvido por Brasil e África do Sul, é guiado por infravermelho e que será capaz de fazer manobras que o levam a sofrer até 100 vezes a força da gravidade. Serão adquiridas 10 unidades operacionais e 8 para treinamento.
Míssil IRIS-T
Míssel ar-ar infravermelho de alto poder de manobra, que pode ser engajado contra novos alvos mesmo após lançado. Possui meios de contra-medidas (defender e escapar para atingir o alvo). Serão adquiridas 10 unidades operacionais e 20 para treinamento.
Bomba Spice 1000
Bomba israelense guiada por GPS ou laser, capaz de atingir vários tipos de alvos simultaneamente e a longo alcances, até 60 km. Possui em seu espectro a identificação de mais de 100 diferentes alvo. A probabilidade de erro é de menos de 3 metros. Serão adquiridos 20 kits de unidades operacionais.
Bomba Spice 250
Bombas guiadas capazes de atingir alvos na terra e no mar a até 100 km de distância. Possibilita corrigir mudanças do alvo e transferir o percurso. Aquisição de 30 unidades.
Sistemas de sensores Reccelite 2
Sistemas de sensores de reconhecimento eletro-óptico que são acoplados no avião, usados para o dia e à noite, e que fornecem, coletam e transferem imagens e informações em tempo real. Aquisição de 4 unidades.
Sistema Litening G4
Sistema que amplia a capacidade de combate, com sensores para busca, rastreamento e identificação do alvo. Possuem câmeras eletromagnéticas que fornecem imagens dos alvos. Equipado com laser que rastreia o caminho da munição até o destino. Aquisição de 10 unidades.