A Força Aérea Brasileira (FAB) e o Comando Sul do Departamento de Defesa dos Estados Unidos promoveram entre os dias 20 e 22 de maio um workshop de avaliação operacional do SNaP-3 (Programa de Nanossatélites). A constelação formada por três nanossatélites de órbita baixa é destinada a prover enlace de comunicações em operações militares e também em ações civis, como busca e salvamento em casos de desastres naturais.
O projeto norte-americano prevê testar, em conjunto com o Brasil, na Amazônia, se o equipamento provê comunicações (áudio e texto) em locais de difícil acesso. O clima tropical, com rios e densa floresta amazônica, é um atrativo importante para testar as funcionalidades do programa. As grandes árvores da região formam uma barreira natural e filtram a radiação do satélite, dificultando a propagação das ondas eletromagnéticas. “Nós não temos esse tipo de terreno nos Estados Unidos, então, é vantajoso testarmos esses sistemas nesse ambiente.
Algo que não poderíamos realizar no nosso próprio país”, relata Ricardo Arias, representante do projeto gerenciado pela Divisão de Ciência, Tecnologia e Experimentação do Comando Sul dos Estados Unidos. Ao longo de três dias, seis americanos, incluindo representantes da Agência Espacial Americana, Força Aérea e Exército, trabalharam em conjunto com sete brasileiro, entre eles, engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O grupo discutiu conceitos operacionais e locais para efetuar os testes de utilização do equipamento. “Estamos seguros de que o Brasil está interessado nesse assunto, usando satélites pequenos [os quais ocupam menos espaço nos lançadores] e caminhos racionais. Penso que o Brasil é um parceiro importante pra nós. Sabemos que vocês são líderes na parte tecnológica da região, então, também temos a aprender”, explica Ricardo.
Os testes operacionais da pequena constelação de nanossatélites, a ser lançada em setembro a partir da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia, iniciam três meses depois, quando o equipamento já estiver em órbita. “Vamos observar como será a utilidade nas missões em que estamos interessados e se isso é adequado para o ambiente”, afirma.
Para o comandante do Núcleo do Centro de Operações Espaciais Principal (NUCOPE-P), Coronel Hélcio Vieira Junior, o interesse da FAB é com relação ao potencial uso desse tipo de comunicação por satélite para missões de busca e salvamento. “No acidente com a aeronave da Air France no meio do oceano, por exemplo, o comando e o controle das operações foram difíceis.
Então, às vezes, as aeronaves [SC-105 Amazonas e C-130 Hercules] decolavam para fazer uma busca e tínhamos que engajar outra aeronave para estabelecer a comunicação com quem estava na área de busca. Se tivéssemos algum tipo de comunicação satelital, poderíamos mudar a área de busca e atualizar as missões em voo”, exemplifica. Além do Brasil, os norte-americanos devem testar os satélites com a Colômbia e o Peru.