A Força Aérea Brasileira (FAB) participa de um exercício simulado de acidente nuclear na usina Angra 1, em Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro, a partir desta terça-feira (22/09). O treinamento, sob a coordenação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, vai reunir representantes de 58 instituições das esferas federal, estadual e municipal. O objetivo é padronizar ações e procedimentos no caso de uma emergência real.
O Exercício Geral do Plano de Emergência da Central Nuclear, que acontece a cada dois anos, vai até quinta-feira (24) e é uma das ações do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON). Segundo o Coronel Márcio José Régis da Silva, responsável pela coordenação da equipe da FAB, 21 militares farão parte da missão, incluindo pilotos do Esquadrão Puma (3º/8º GAV), técnicos do Instituto de Medicina Aeroespacial (IMAE) e do Instituto de Estudos Avançados (IEAV), além de militares do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR).
Um helicóptero H-34 Super Puma, operado pelo 3º/8º GAV, será empregado nas simulações de remoção aérea de vítimas de acidentes nucleares e medição do nível de radiação na usina. Os protocolos de descontaminação e preparação de aeronave também farão parte do treinamento. “É uma ótima oportunidade de reunir as áreas da FAB que podem atuar em um acidente nuclear e capacitar esses militares para o caso de um acontecimento real”, afirma o coronel, que também é Chefe da Seção de Planejamento do Estado-Maior do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA).
Pluma radioativa
Informações sobre a propagação da pluma radioativa, ou seja, radiação na atmosfera, são a novidade do exercício neste ano. De acordo com o pesquisador doutor Cláudio Antonio Federico, do IEAV, ter o domínio do processo de simulação da pluma é de fundamental importância para uma assessoria segura aos órgãos de controle da FAB. Isso permitirá o planejamento de missões, sem expor tripulações e preservando os meios (aeronaves) de possível contaminação.
“Vamos trabalhar em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear para ter uma estimativa de como a pluma se comportaria numa situação real. A inclusão desta capacidade de simulação na FAB e a forma de transferir essa informação às equipes operacionais com eficiência são objetivos que estamos perseguindo”, destaca e acrescenta que o principal da atividade é a sinergia entre as equipes participantes.
O IMAE levará para a simulação uma equipe médica responsável pelo atendimento das vítimas contaminadas pela radiação e uma equipe de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), que vai detectar e monitorar a descontaminação. O coordenador das equipes do IMAE, Major Médico Dalton Muniz dos Santos, explica que serão utilizados durante o exercício em Angra dos Reis detectores para monitorar o nível da radiação, roupas de proteção e cápsulas especiais para transporte de pacientes.
De acordo com o militar, o material é considerado o que há de mais moderno no mundo em defesa QBRN. “É uma forma de testar o tempo de resposta da equipe que, se não for adequado, poderá transformá-la em nova vítima. Além disso, vemos esse exercício como preparação às Olimpíadas”, afirma o médico, ressaltando ainda a qualidade técnica dos profissionais. “Temos um time muito preparado e capacitado para atuar em situações reais”.
FONTE: CECOMSAER