Você já deve ter ouvido falar nos Óculos de Visão Noturna (Night Vision Goggles – NVG), não é mesmo? Mas você sabia que a Força Aérea Brasileira (FAB) já os utilizou em um resgate REAL? Há cinco anos, em 2009, foram utilizados pela primeira vez pelo Esquadrão Pantera (5º/8º GAV), sediado na Base Aérea de Santa Maria, a bordo do clássico Helicóptero UH-1H Huey, realizando a mais nobre missão da FAB: a de salvar vidas!
A missão foi acionada após o desaparecimento de um homem no chamado Morro da Antena, região periférica de Santa Maria (RS). Após sair para realizar uma trilha, começou a ter sua vida em risco quando se perdeu durante a tarde, sendo agravado pelo cair da fria noite (menos de 5ºC).
Primeiramente o Corpo de Bombeiros foi acionado para realizar a busca deste desaparecido. Por meio de telefone celular, foram coletadas algumas informações como tempo de caminhada, visualização do pôr do sol, pontos marcantes no terreno, bem como sua posição relativa a antenas e fios que existem no local.
Após esgotarem-se os esforços dos bombeiros, foi solicitada ajuda à BASM, que repassou a necessidade à II Força Aérea, sendo então, o Esquadrão Pantera, acionado para o cumprimento desta difícil missão, no período noturno. A situação era delicada, e o resgate pedia pressa.
Do contrário, a vítima poderia morrer, devido à baixa temperatura no local. Era uma noite de domingo, em que as condições eram ideais para se operar com os NVGs: a meteorologia estava boa e a lua oferecia excelente nível de claridade. A tripulação decolou para a região indicada pelos Bombeiros, iniciando uma busca visual no terreno. O relevo era montanhoso e com muitos fios e antenas, o que exigiu atenção redobrada de todos a bordo.
Obstáculos como esses são visualizados com certa dificuldade com o uso dos óculos. Após certo tempo de intensa busca, foi possível a identificação do sobrevivente graças a um fator peculiar e interessante relativo aos Óculos de Visão Noturna: seu funcionamento dá-se da seguinte maneira: toda e qualquer incidência de luz (seja fonte de luz ou um ambiente iluminado) é potencializada em milhares de vezes e exibida de forma visível para o operador.
Ao mexer em seu aparelho celular, a vítima emanava uma quantidade de luz relativamente alta comparada ao ambiente ao seu redor. Esse contraste gerado foi o fator determinante pela identificação do homem durante o procedimento de busca. “Realmente seria muito difícil encontrar a vítima se não fosse a luz do seu celular. Eu visualizei uma claridade no meio da vegetação escura e logo vi que aquilo deveria ser nosso sobrevivente.” Disse o tripulante que realizou o primeiro avistamento.
Como a região não apresentava local ideal para o pouso da aeronave, foi necessário o procedimento de içamento com o uso do guincho do tipo duplo, o qual consiste em descer um homem de resgate para analisar as condições da vítima e julgar se será necessário o uso da maca ou será realizado da forma que ocorreu.
Felizmente a pessoa não se encontrava machucada, apenas apresentava alguns sintomas de hipotermia. Após o resgate, já a bordo do helicóptero, a vítima foi levada ao campo de futebol da Brigada Militar de Santa Maria, sendo amparada por unidades móveis de socorro.
O 5º/8º GAv também foi o Esquadrão que implantou o uso do NVG como ferramenta operacional para a Aviação na Força Aérea Brasileira. Naquela oportunidade, um oficial do Esquadrão, o Ten Av Brauner, foi mandado aos Estados Unidos para realizar o curso teórico e prático do equipamento, a fim de trazer o conhecimento necessário para o desenvolvimento de uma doutrina de voo compatível com a segurança e a operacionalidade da Unidade Aérea.
Posteriormente, toda essa doutrina e experiência foram difundidas pela FAB, sendo que hoje, quase todos os Esquadrões de voo operam com NVGs. Inclusive, militares da Força Aérea do Chile iniciaram um intercâmbio no Esquadrão Pantera e entre os assuntos discutidos entre os militares, destaca-se a doutrina de voo com Óculos de Visão Noturna!
FONTE : Força Aérea Blog