No começo, elas eram exceções. Mas agora, a presença de mulheres na Força Aérea Brasileira já é uma realidade em praticamente todos os setores: das cabines de aeronaves de combate até o comando de uma organização militar.
Desde 2003, houve um aumento de 277% da participação feminina. Hoje são 10.160 mulheres na FAB, o equivalente a 14,55% do efetivo de militares. Para se ter uma ideia, dos Terceiros-Sargentos formados na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) nos últimos sete anos 5.739 são homens e 3.057, mulheres.
E cada vez mais jovens se interessam pela carreira, como Williany Cássia Oliveira da Silva, de 17 anos. Ela mora emGuaratinguetá (SP), onde está localizada a EEAR, e, de tanto ver jovens de todo o Brasil iniciarem a carreira militar, decidiu seguir o mesmo caminho. “Acho interessante e me empolgo quando falam sobre a rotina dentro da escola. Sei que nós, mulheres, podemos mostrar toda a capacidade que temos para exercer as mesmas profissões e as mesmas funções que um sexo masculino dentro do militarismo”, ressalta.
Neste ano, a presença feminina na FAB teve mais um marco: em janeiro, pela primeira vez, uma mulher passou a comandar uma organização militar da instituição. A Coronel Médica Carla Lyrio Martins assumiu a Casa Gerontológica Brigadeiro Eduardo Gomes, sediada no Rio de Janeiro.
HISTÓRIA
As pioneiras na FAB ingressaram em 1982, quando foram criados os quadros femininos de oficiais e de graduadas. A entrada de mulheres na Academia da Força Aérea (AFA) no Quadro de Oficiais Intendentes foi autorizado em 1995. Oito anos depois, em 2003, a AFA recebeu as primeiras mulheres para o Curso de Formação de Oficiais Aviadores. Já na Escola de Especialistas de Aeronáutica, a primeira vez que elas puderam ingressar foi em 2002.
E, aos poucos, elas foram conquistando espaço dentro da instituição. Em 2003, a então Cadete Gisele Cristina Coelho de Oliveira foi a primeira piloto militar a voar sozinha em uma aeronave da FAB. Já em 2009, pela primeira vez, uma dupla feminina comandou uma missão: as tenentes Joyce de Souza Conceição e Adriana Gonçalves, do Sétimo Esquadrão de Transporte Aéreo, decolaram de Manaus (AM) em um C-98 Caravan em direção a Parintins (AM).
No futuro, toda a Força Aérea Brasileira poderá ser comandada por uma mulher. Isso porque a FAB já tem mulheres no quadro de Oficiais-Aviadores desde 2006, quando foi formada a primeira turma. Hoje, elas são 40 Oficiais e Aspirantes-a-Oficial e podem voar em todos os tipos de aeronaves, como caças, helicópteros e aviões de transporte. Outras oito cadetes-aviadoras estão em treinamento na AFA. As pioneiras atingiram, em 2014, o posto de Capitão.
INGRESSO
As mulheres podem ingressar na Força Aérea por meio das escolas de formação de sargentos e oficiais. Todos os exames de seleção, independentemente da escolaridade exigida, obedecem as seguintes etapas: prova teórica, exame de aptidão psicológica, teste de avaliação do condicionamento físico, inspeção de saúde e, em alguns concursos, prova de títulos e prova prática.
Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) – Guaratinguetá (SP)
Para ingressar no Curso de Formação de Sargentos é preciso ter concluído o ensino médio e não ter completado 24 anos até a data da matrícula e início do curso. As mulheres podem cursar a EEAR nas especialidades de Eletricidade, Eletrônica, Equipamentos de Vôo, Meteorologia, Suprimento, Administração, Informações Aeronáuticas, Cartografia, Desenho, Enfermagem e Eletricidade.
O curso tem duração de dois anos e forma militares de carreira. Ao receber o diploma, a aluna passa para a graduação de Terceiro-Sargento especialista podendo, por meio de seleções internas, se tornar oficial.
Academia da Força Aérea (AFA) – Pirassununga (SP)
A candidata ao Curso de Formação de Oficiais Aviadores e Intendentes precisa ter concluído o ensino médio e não possuir menos de 17 anos na data da matrícula nem completar 21 anos até 31 de dezembro. Os cursos têm duração de quatro anos e, ao formar-se, a cadete é diplomada Aspirante-a-Oficial da Força Aérea Brasileira e poderá chegar a oficial-general.
Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) – Belo Horizonte (MG)
Para ingressar, a candidata precisa ser formada em instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC, ter registro no respectivo conselho regional e possuir, no máximo, 32 a 35 anos, dependendo da especialidade.
O curso tem duração máxima de 17 semanas e, ao concluí-lo, a estagiária é nomeada Primeiro-Tenente e segue carreira como oficial da FAB. Há oportunidades para médicas, engenheiras e advogadas, entre outras.