Há mais de 30 anos, as Forças Aéreas do Brasil e do Paraguai cooperam na luta contra o tráfico de drogas internacional e outros empreendimentos ilegais. Com o passar do tempo, o nível de cooperação cresceu e inclui o intercâmbio em treinamento conjunto e procedimentos comuns para coordenar o fluxo de voos entres os dois países.
Assinado em 1982 após a aquisição, pelo Paraguai, das aeronaves brasileiras Xavante, além de radares e sistemas de comunicação em 1981, o acordo bilateral é o mais longo da FAP com outro país.
Após o estabelecimento do acordo, um decreto do governo brasileiro criou a Missão Técnica Aeronáutica Brasileira (MTAB), composta de conselheiros técnicos que contribuem para treinamento, operação e logística da Força Aérea Brasileira (FAB).
Combatendo o narcotráfico e outros empreendimentos ilegais
Os objetivos do acordo de cooperação incluem a detenção de voos de tráfico de drogas e de outros contrabandos, como armas de fogo, segundo o coronel da FAB Airton Miguel Yasbeck Jr., que comanda o grupo da FAB com sede em Luque, cerca de 15 km de Assunção, a capital paraguaia.
“Nós não interferimos em operações diretas para combater o tráfico ilícito; mas auxiliamos indiretamente a Força Aérea do Paraguai (FAP) e a Direção Nacional da Aeronáutica Civil (DINAC)”, diz o cel. Yasbeck. “Apoio para elaborar e publicar manuais e acordos bilaterais sobre controles do espaço aéreo nos mantêm muito ocupados. O foco é na segurança do espaço aéreo.”
O acordo de operação conjunta assinado em 11 de dezembro entre a DINAC e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo do Brasil é um exemplo do tipo de trabalho descrito pelo cel. Yasbeck. O acordo estabelece procedimentos comuns para coordenar o fluxo de voos entre o Aeroporto de Pedro Juan Caballero, no Departamento de Amambay, no Paraguai, e o Aeroporto de Ponta Porã, no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul.
“Esses dois aeroportos são muito próximos um do outro, ficam na fronteira e operam com rádio. O acordo define procedimentos que deixarão mais seguros os pilotos e as tripulações”, diz o major Sandro Roberto Nobre, 41 anos, conselheiro de controle do espaço aéreo da MTAB que participou da elaboração das diretrizes. “O acordo era esperado há muito tempo por ambos os lados.”
FAB e FAP estão em treinamento conjunto
O treinamento conjunto é um aspecto importante da cooperação contínua entre as Forças Aéreas de Brasil e Paraguai. Por exemplo, de 21 de novembro a 12 de dezembro, nove membros da FAP treinaram com uma unidade da FAB no Parque de Materiais Aeronáuticos de Lagoa Santa (PAMA-LS), em Minas Gerais.
Manter os sistemas hidráulicos, eletrônicos e pneumáticos dos Tucanos T-27 feitos no Brasil, que são os principais modelos em operação da frota da FAP, foi uma parte importante do treinamento de cooperação. A FAP muitas vezes utiliza os Tucanos em missões antidrogas.
Frequentemente, os pilotos usam o T-27 para interceptar aeronaves que voam em altitude baixa, segundo o major Ricardo Bevilaqua Mendes, do Brasil. O treinamento em conjunto é focado em como monitorar partes das aeronaves, como o trem de pouso e assentos ejetáveis. “Isso oferece uma segurança maior durante as ações militares”, afirma o maj. Mendes. As duas forças aéreas também realizam, às vezes, treinamento conjunto de artilharia.
A FAB e a FAP trabalham em cooperação em vários aspectos do treinamento conjunto. Por exemplo, a MTAB desenvolve currículos e conteúdo de sala de aula. O oficial em comando da FAP solicitou aulas de português, e o primeiro desses cursos começou em 2014. O número de aulas aumentará em 2015.
Respeito mútuo entre FAB e FAP
As Forças Aéreas dos dois países trabalham bem em conjunto para atingir objetivos mútuos. “Há respeito e admiração mútuos, e nossas aulas são bem recebidas”, diz o cel. Yasbeck. “Nós tentamos atender a suas necessidades e fazer nosso melhor.”
O coronel Carlos Pistilli, diretor de Comunicação Social da FAP, elogia o treinamento conjunto em relação à manutenção dos Tucanos T-27. “O mais importante é o treinamento para atualizar o conhecimento dos pilotos e mecânicos, além da segurança”, afirma o Cel. Pistilli. “O Brasil tem uma das mais avançadas forças aéreas do mundo.”
Militares dos dois países construíram esse respeito mútuo ao treinar em conjunto e conviver. Por exemplo, membros da MTAB em Assunção interagem com autoridades da DINAC diariamente. O major Santo Roberto Nobre, da MTAB, e seu assistente têm assentos no Centro Conjunto de Controle, que monitora todo o espaço aéreo paraguaio.
Muitos controladores do tráfego aéreo paraguaio também treinaram com seus colegas brasileiros. Controladores do tráfego aéreo dos dois países compartilham treinamento e trabalham em programas de segurança juntos. “Nós estamos trabalhando em programas de gerenciamento de segurança operacional nos voos e apoiamos isso por meio do uso de radares”, diz o maj. Nobre. “A segurança nessa área depende do compartilhamento de informações.”
A importância de compartilhar informações
Compartilhar informações é um componente importante da missão de cooperação contínua. Por exemplo, a MTAB também fornece auxílio à FAP ao compartilhar conhecimento brasileiro sobre como responder a voos ilegais, disse o Cel. Pistilli.
A ideia é desenvolver manuais com procedimentos sobre como responder a esses voos. “Estamos lutando contra a praga das drogas, uma luta que é coordenada pelo Departamento Nacional de Combate às Drogas”, acrescenta o coronel. “A DINAC não pode agir sozinha, nem a FAP.”
Nove membros da MTAB participaram de um conjunto de exercícios militares (PARBRA) com cerca de 60 membros da FAP e 100 da FAB em maio de 2013. Uma sessão de treinamento conjunto similar será realizada em 2015 ou 2016 para ajudar ambos os países a combater os voos de drogas, observa Pistilli. “Uma força aérea bem equipada e treinada obtém mais resultados no combate aos voos ilegais”, conclui.