O gigante está quase pronto e já tem data para sair do hangar. No dia 21 de outubro, o avião cargueiro militar KC-390 fará a sua primeira aparição pública oficial. Maior avião projetado e produzido pela Embraer, sediada em São José dos Campos, o KC-390 é uma “revolução” tecnológica, um desafio e um marco para a terceira maior fabricante de jatos do mundo.
O avião foi desenvolvido para a FAB (Força Aérea Brasileira) e o programa do jato cargueiro está orçado em US$ 2 bilhões (algo em torno de pelo menos R$ 4,6 bilhões). No dia 21 de outubro a Embraer realizará o roll out (apresentação oficial) da aeronave, em fase final de montagem na unidade de Gavião Peixoto, cidade localizada nas proximidades de Araraquara.
Será lá a solenidade da apresentação do avião.
O KC-390 não vai voar neste dia. Deve apenas deslizar pela pista e mostrar a sua imponência. O voo do primeiro protótipo vai ocorrer até o final do ano. O Vale apurou que o KC-390 deve ganhar os ares em dezembro, ainda sem data definida. Até lá, o jato será submetido a testes em terra, procedimento previsto no projeto.
De acordo com a Embraer Defesa & Segurança, responsável pelo desenvolvimento da aeronave, recentemente ocorreu a junção da asa com a fuselagem do primeiro protótipo que, no momento, está na fase de instalação de sistemas internos. Tudo isso na unidade de Gavião Peixoto, onde será a produção seriada do jato, para acomodar toda a linha de produção, a Embraer construiu mais de 30 mil metros quadrados de hangares.
O KC-390 pode desenvolver diversas missões. Servirá para transporte de tropas, materiais e também como avião reabastecedor em voo. Haverá também uma versão civil, para emprego médico e auxílio a operações referentes a desastres naturais e transporte de carga postal.
Um dos fundadores da Embraer, o engenheiro Ozires Silva afirmou que o jato cargueiro é uma aeronave “maravilhosa, de última geração”. “Um avião extremamente moderno tecnologicamente, um orgulho para a Embraer e para o Brasil. A materialização de um sonho”, disse.
Diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), em São José dos Campos, Almir Fernandes destacou a importância do projeto para as empresas fornecedoras da Embraer na região. “Além da geração de empregos, o programa é um desafio tecnológico para os fornecedores, será um marco”, disse.
A Embraer Defesa & Segurança estima que o mercado potencial de aeronaves no qual o cargueiro militar brasileiro a KC-390 irá competir é de pelo menos 728 unidades. Em maio, durante a inauguração das instalações em Gavião Peixoto para a produção do jato, o presidente da Embraer Defesa & e Segurança, Jackson Schneider, relatou que a meta da Embraer é abocanhar uma fatia de 15% a 20% desse mercado.
Em maio deste ano, a FAB (Força Aérea Brasileira) anunciou a compra de 28 unidades do jato, em contrato no valor de R$ 7,2 bilhões, o contrato prevê a aquisição das aeronaves em um período de 12 anos, com a entrega do primeiro jato militar para o final de 2016. O acordo contempla também o fornecimento de um pacote de suporte logístico, que inclui peças sobressalentes e manutenção.
À ocasião, o ministro da Defesa, Celso Amorim, frisou que o contrato é uma sinalização importante e demonstra a confiança da FAB no produto e que ajudará nas vendas da aeronave para outros países. Na FAB, o KC-390 irá substituir a frota de turboélices Hércules C-130, fabricado nos Estados Unidos desde a década de 1950.
No ano passado, a Embraer firmou parceria com a norte-americana Boeing para promoção e venda do cargueiro militar. Pelo acordo, a Boeing irá liderar as campanhas de vendas do KC-390, oferecendo também suporte e treinamento, nos EUA, no Reino Unido e em mercados selecionados do Oriente Médio.
Para Expedito Bastos, especialista em assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), o jato da Embraer tem grande potencial de mercado. “Sem dúvida, a parceria estabelecida pela empresa com países europeus pode abrir um enorme mercado para o KC-390”, declarou.
O especialista analisa que o novo jato representa um salto da Embraer no segmento de Defesa, que é muito disputado em todo o mundo. “É um produto para um nicho do segmento de Defesa que a Embraer planeja competir”, destacou Expedito.
FONTE : O Vale