A China pediu neste sábado ao Japão que atue com prudência depois que o parlamento japonês aprovou a reforma militar que dá mais competências às suas forças armadas, uma medida muito questionada pelos próprios cidadãos do país e vista com receio por seus vizinhos. “Pedimos seriamente ao Japão que aprenda com as lições da história, ouça os justos pedidos de seu povo e da comunidade internacional e preste atenção às preocupações de segurança de seus vizinhos”, afirmou hoje Hong Lei, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em comunicado.
A reforma militar japonesa, promovida pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, permitirá que as forças armadas do país defendam seus aliados e prestem apoio logístico aos mesmos, em caso de ataque. Também autoriza o país a participar de operações de segurança da ONU, além de ações para garantir a segurança de rotas marítimas e para libertar cidadãos japoneses sequestrados no exterior. A constituição patrocinada pela ocupação americana após a Segunda Guerra Mundial estabelece em seu nono artigo que o Japão só pode usar a força para sua própria defesa, o que até agora impedia o envio de tropas para operações fora de seu território.
Opinião pública
Pesquisas de opinião que se sucederam da decisão do parlamento japonês indicam que mais da metade dos japoneses é contrária a este novo papel do exército. Foram realizadas várias manifestações públicas. Além disso, a reforma é vista com desconfiança na China, país invadido e ocupado pelo Japão entre 1937 e 1945.
As disputas territoriais pelas ilhas Senkaku (chamadas Diaoyu em chinês), que são controladas pelo Japão, e o importante acordo de defesa entre Tóquio e os Estados Unidos contribuem para as suspeitas de Pequim, que vem construindo há anos uma marinha capaz de projetar seu poder em águas internacionais.
O porta-voz chinês reforçou o ponto de vista de Pequim de que a aprovação parlamentar da reforma militar japonesa é “uma ação sem precedentes” por parte de Tóquio desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Hong também assinalou que existe preocupação entre os “vizinhos asiáticos” do Japão por essa medida e reiterou o pedido para que Tóquio aja com prudência no terreno militar e se esforce para promover a paz e a estabilidade na região.
FONTE: Agência EFE