Boas notícias para a indústria militar francesa, com diversos negócios em curso, mas Portugal poderá perder o navio Siroco. O ano começa bem para a indústria militar francesa, que havia nas décadas anteriores feito investimentos consideráveis, mas vira alguns dos seus mais avançados e dispendiosos projetos a obterem uma fraca resposta no mercado internacional.
Talvez o mais evidente exemplo desta realidade seja o caça Dassault Rafale, um projeto que custou 46 mil milhões de Euros e que gerou um considerável gasto nas finanças da defesa francesa. Durante uma década o governo de francês desenvolveu esforços para vender a aeronave, cotada em cerca de 70 milhões de Euros por unidade, e apesar das boas notícias terem originalmente chegado da Índia em 2012, foi apenas agora que o primeiro cliente de exportação foi confirmado no Egito.
Além da aviação existem notícias de venda de materiais navais também, incluindo uma fragata moderna (FREMM) ao mesmo cliente e assim como da venda do navio de abastecimento Siroco que a pouco tempo foi dado como quase certa a venda para a Marinha Portuguesa, mas com o Brasil correndo por fora podendo vir a tornar-se o cliente mais provável nos próximos dias.
A empresa Dassault foi a empresa por traz da série de caças Mirage, muitos dos quais ainda voam em forças aéreas de todo o mundo, incluindo a do Egito. Tendo feito parte do programa Eurofighter nos anos de 1980 que daria origem ao Typhoon e acabou saindo do projeto devido a interferência do governo francês em querer investir em uma aeronave própria. O Rafale foi o produto deste programa próprio francês.
O novo caça entrou em serviço nas força aérea francesa em 2001, existindo inclusive uma versão naval, operando de seu porta-aviões. Revelou-se contudo, uma venda difícil. O sucesso dos Mirage devera-se ao alinhamento político natural do governo francês e à simplicidade das aeronaves, equipadas com um só motor mas capazes de grandes performances.
O Rafale é uma máquina muito mais avançada com dois motores, e com um custo alto de adquisição e operaração. Não obstante rapidamente se tornou o favorito para o programa de caças médios na Índia (um negócio que ainda está para ser fechado) e chegou a ser anunciado como o novo caça brasileiro, antes de o governo de Brasília se decidir pelos Gripens sueco.
O atual anúncio da compra de 24 Rafales pelo Egito é uma tão necessária tábua de salvação para todo o projeto uma vez que o acumular dos custos e a falta de parceiros estava forçando o governo francês a diminuir a escala da produção.
Esta compra faz parte de um pacote que inclui ainda uma fragata FREMM de última geração e mísseis para os caças egípcios, avaliado em mais de 5 mil milhões de Euros. É uma compra que contraria o domínio americano na defesa do Egito, um dos maiores utilizadores do F-16 no mundo.
É interessante notar que as forças armadas desse país já foram clientes soviéticos e ainda utilizam grandes números de caças MiG-21. Também convém notar que os Emirados Árabes Unidos revelaram grande interesse no caça francês e poderão vir a ser o próximo cliente.
Outra venda que França tenta fazer é a do navio Siroco. Avaliado em 80 milhões de Euros seria uma aquisição a um preço bastante aceitável, e estaria incluída numa nota recente apresentada pelo Ministro da Defesa de Portugal Aguiar-Branco. No entanto a Marinha Brasileira também revela interesse no mesmo e o seu peso diplomático poderia fazer a balança pender para Brasília.
FONTE : BLASTING NEWS