O governo dos Estados Unidos acessou o conteúdo de e-mails e interceptações telefônicas espionadas pela Agência Nacional de Segurança (NSA). A afirmação foi feita pelo jornalista Glenn Greenwald em depoimento às comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nesta terça-feira, 6.
Para o presidente da CREDN, Nelson Pellegrino (PT-BA), “as afirmações feitas por Greenwald são graves e extremamente preocupantes. Ele praticamente desmentiu o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, que afirmou a três ministros brasileiros que a NSA não tinha como acessar o conteúdo das informações interceptadas”.
Diante das novas revelações, Nelson Pellegrino propôs a realização de audiência pública conjunta das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara e do Senado com a presença de representantes de empresas que operam no Brasil nas áreas de telecomunicações e internet, com o objetivo de obter esclarecimentos sobre os mecanismos pelos quais foram acessadas as comunicações privadas de organizações e cidadãos brasileiros.
“É fundamental obtermos esclarecimentos sobre a vasta rede de espionagem, montada pela NSA e a CIA, e compreender suas implicações para os interesses econômicos, políticos e estratégicos brasileiros”, afirmou Pellegrino.
No dia 14, a CREDN realiza audiência pública conjunta com outras duas comissões da Câmara, para discutir as eventuais fragilidades nos sistemas de guarda e fluxo de conteúdo de informações pessoais, oficiais ou economicamente estratégicas de cidadãos brasileiros, do Estado e do setor privado.
Para tanto, foram convidados os ministros Paulo Bernardo, das Comunicações; Celso Amorim, da Defesa; Antonio Patriota, das Relações Exteriores; José Elito, do Gabinete de Segurança Institucional; Thomas Shannon, embaixador norte-americano no Brasil; Wilson Roberto Trezza, diretor-geral da ABIN, e representantes da Telebras, Anatel, Microsoft Brasil, Google, Facebook, e Twitter.
Na sua avaliação, as denúncias de espionagem dos Estados Unidos “são muito preocupantes, não só pela ilegalidade, mas pela possibilidade do vazamento dessas informações e dessa utilização no plano comercial e no plano das relações diplomáticas”, acrescentou Pellegrino.