O presidente da Rússia Vladimir Putin, abriu caminho nesta segunda-feira para a entrega de uma remessa de sistemas de mísseis S-300 ao Irã longamente adiada, e Moscou iniciou um programa de troca de produtos por mercadorias com Teerã, mostrando a determinação do Kremlin em fortalecer laços econômicos com a República Islâmica.
As medidas vêm à tona logo após potências mundiais entre elas a Rússia, chegarem a um acordo provisório com o Irã para frear o programa nuclear iraniano, e sinalizam que Moscou pode ter uma dianteira na corrida para se beneficiar de uma eventual suspensão das sanções impostas a Teerã.
O Kremlin declarou que Putin assinou um decreto cancelando a proibição da própria Russia para a entrega dos sistemas antimísseis S-300 ao Irã, o que remove um fator de tensão entre os dois países, surgido depois de Moscou ter cancelado um contrato em 2010 por pressão do Ocidente.
Uma autoridade de alto escalão do governo disse em separado que a Rússia começou a fornecer grãos, equipamentos e materiais de construção ao Irã em troca de petróleo, como parte de um acordo de troca de bens e serviços.
Mais de um ano atrás, fontes declararam à Reuters que foi feito um pacto no valor de mais de 20 bilhões de dólares e que se estava sendo discutido com Teerã e que implicaria na compra russa de 500 mil barris de petróleo iraniano por dia e tendo como contrapartida equipamentos e bens da Rússia.
Desde então, funcionários dos dois países emitiram comunicados contraditórios sobre a assinatura de um acordo de troca de bens e serviços, mas o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, deu a entender que um acerto já está sendo implementado. “Queria chamar a atenção de vocês para o desenrolar do acordo de petróleo por mercadorias, que tem uma escala muito significativa”, afirmou Ryabkov em uma reunião com membros da câmara baixa do Parlamento a respeito das conversas com o Irã.
“Em troca de remessas de petróleo iraniano, estamos entregando certos produtos. Isto não é proibido ou limitado pelo regime atual de sanções”, acrescentou. Ele se recusou a dar maiores detalhes. O Ministério da Agricultura da Rússia tampouco quis comentar, e a pasta de Energia não respondeu de imediato a um pedido de comentários.
O Irã não se pronunciou sobre o tema. A Rússia espera colher frutos econômicos e comerciais caso se finalize um acordo definitivo resultante do esboço obtido no início deste mês pelo Irã e o chamado P5+1: Estados Unidos, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e China.
As partes têm até o final de junho para delinear um acordo técnico detalhado, segundo o qual o Irã irá conter suas atividades nucleares e permitir o monitoramento internacional em troca da suspensão das sanções econômicas. Teerã negou que seu programa atômico tem como meta a construção de armas nucleares.