Nesta semana o presidente dos EUA Barack Obama fez uma declaração, segundo o qual ele pretende solicitar ao Congresso dos EUA que eles autorizem a realização de uma operação terrestre contra o Estado Islâmico (EI) no Oriente Médio. Recordemos que até este momento, a realização de ataques aéreos contra posições do EI tem se baseado na sanção do Congresso de 2001 emitida após os ataques de 11 de setembro contra os Estados Unidos.
Nesse contexto há uma série de questões que ganham interesse. Como será executada a possível intervenção terrestre? Como esta invasão irá influenciar a política externa da Turquia na região?
Ouvimos sobre essa questão, a opinião do analista político especialista em Estados Unidos e política externa turca Ahmet Gencehan Babis;
As eleições para o Congresso foram uma espécie de mensagem à presidência de Obama. Antes tinham acontecido muitas discussões sobre a luta contra o Estado Islâmico. Neste momento é evidente que a política externa dos EUA irá se alterar. Anteriormente, o presidente dos EUA Barack Obama, ao falar do combate ao EI, dava preferência à utilização da força aérea estadunidense.
Mesmo que nós não vejamos essas mudanças em uma perspectiva a curto prazo, a médio prazo elas irão ocorrer seguramente. Os Estados Unidos poderão utilizar, além da aviação, mercenários de empresas privadas de segurança, as quais durante a guerra no Iraque se chamavam Blackwaters e agora prosseguem sua atividade sob o novo nome de Academia. Fontes abertas asseguram que essas forças são capazes de realizar operações terrestres.
Dessa forma, esses soldados de empresas de segurança privadas, se necessário em conjunto com os aliados, poderão iniciar uma operação terrestre na região. Uma outra questão é que, além da aprovação do Congresso, também será necessária a aprovação da sociedade norte-americana.
Já o doutor em relações internacionais do Instituto de Estratégia de Ancara Ercument Tezcan chama a atenção sobretudo para que não se repita o cenário afegão;
Por um lado, o combate contra o Estado Islâmico é hoje especialmente importante. Mas, por outro, não é menos importante resolver primeiro a questão do tempo de duração da operação terrestre. Essa questão adquire importância se tomarmos em consideração o que se passou no Afeganistão. Para se combater o terrorismo e destruir suas raízes é necessário tempo e paciência. Isso terá de ser considerado.
Sim, o Congresso pode realmente autorizar Barack Obama a realizar uma operação terrestre. É importante que na síria e no Iraque seja obtida a estabilidade política, quando suas próprias forças estejam em condições de combater o terrorismo. Enquanto essa questão não for resolvida, não é de excluir que o terrorismo volte a erguer a cabeça depois de as tropas norte-americanas saírem. Para vencer o terrorismo será preciso reforçar os Estados e as forças locais.