Os horrores da 2ª Guerra Mundial no Pacífico não se resumem às bombas de Hiroshima e de Nagasaki. O conflito no Sudeste da Ásia e na Oceania foi tão sangrento e tão demorado quanto o da Europa, contando quase metade dos 70 milhões de mortos. E teve um inimigo tão temível quanto a Alemanha de Adolf Hitler.
O Japão do imperador Hirohito e do comandante Tojo se expandiu com a mesma virulência do nazismo, tomando ilha a ilha, arquipélagos e atóis, transformando aquele pedaço do Pacífico num imenso e perigoso Império do Sol Nascente.
As tensões que levaram a Ásia à 2ª Guerra Mundial começaram muito antes da sanha anexatória de Hitler — foi em março de 1938 que as tropas alemãs tomaram a Áustria, nos primórdios da criação do Lebensraum, o ‘Espaço Vital’ para a hegemonia da raça ariana no mundo. Sete anos antes, em setembro de 1931, porém, forças japonesas se estabeleceram na Manchúria, em território chinês.
Para alguns historiadores, aquele foi o primeiro capítulo do conflito que se arrastaria por 14 dolorosos anos. Era o prenúncio de uma expansão feroz que chegou a 675 mil quilômetros quadrados, ocupando partes de 25 países, incluindo Rússia e Estados Unidos. Com os soviéticos, aliás, fora assinado tratado de neutralidade que vigoraria praticamente até a rendição das tropas japonesas, após a detonação das bombas.
Muitas das conquistas japonesas foram sangrentas, como no Massacre de Nanquim, em dezembro de 1937, marcando de vez a invasão à China. Estimam-se 300 mil mortes de civis e combatentes. Esse episódio tinha azedado as relações entre Japão e Estados Unidos, que nos anos seguintes impuseram embargos ao império, sobretudo após a queda da Indochina, em 1940.
A essa altura, já estava configurado o Eixo, a aliança entre a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Japão. Os bloqueios, contudo, não foram suficientes para conter os planos nipônicos, que engendravam sua cartada mais ambiciosa.
Inferno em Pearl Harbor
Eram 7h48 de 7 de dezembro de 1941 quando uma potente esquadrilha de 353 aviões japoneses, partindo de seis porta-aviões, tomou de assalto a base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí. O surpreendente ataque, catastrófico, foi determinante para a entrada dos EUA na 2ª Guerra Mundial — até então, os ianques apenas apoiavam os aliados europeus com suprimentos e armas.
Em duas ondas que duraram quase duas horas, os pilotos imperiais mataram 2,5 mil militares americanos e impuseram grande perda material: oito encouraçados, três cruzadores, três destróieres e três navios auxiliares foram destruídos ou avariados.
Não só Pearl Harbor era destroçado naquela manhã. A estratégia nipônica traçou ataques quase simultâneos a bases nas Filipinas, Cingapura e Hong Kong. O objetivo era neutralizar as forças aliadas e abalar a moral americana. Conseguiram. A essa altura, ameaçando até a Austrália, o Japão tomava conta de vasta área que ia até o Índico. E eles queriam mais — o que foi letal para suas ambições, já que sustentar um império tão grande exigiria homens e equipamentos que eles não tinham. Mas havia brio.
Estados Unidos e Grã-Bretanha não tiveram outra opção a não ser declarar guerra contra o Japão — e os rumos do conflito começariam a mudar. No Pacífico, nos três anos seguintes quatro batalhas foram fundamentais para o avanço dos aliados: a do Mar de Coral, a de Midway, a de Guadalcanal e a de Iwo Jima. As vitórias permitiram a aproximação do Ocidente e a estratégia de asfixiar as linhas de abastecimento do Japão. O poderio do império começava a decair, mas os militares nipônicos não se rendiam.
Na Europa, o primeiro semestre de 1945 era de sucessivas vitórias aliadas. Um ano após o Dia D — a invasão da Normandia —, Hitler se via isolado e acabou se matando a 30 de abril. A Alemanha nazista se renderia uma semana depois. No Pacífico, porém, ainda não se enxergava um fim para o conflito.
Aviões como o B-29 atacavam impiedosamente o país com bombas incendiárias, reduzindo as cidades a cinzas e matando milhares, mas os japoneses resistiam. Só uma invasão em larga escala, com incontável número de baixas de ambos os lados, terminaria a guerra. Mas havia a ‘arma secreta’.
FONTE : Jornal O Dia