Depois de 13 anos e 3,5 mil mortes entre seus soldados, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) encerrou oficialmente ontem sua missão militar no Afeganistão em uma cerimônia realizada em Cabul. A partir do dia 1.º, a segurança do país passa para o Exército do Afeganistão. Enquanto o presidente americano, Barack Obama, declarava que a missão terminava de maneira responsável, os líderes do Talibã preferiram dizer que a cerimônia era o símbolo do fracasso de uma guerra lançada como reação aos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
A missão militar liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão (Isaf) deixa oficialmente de ser uma operação de combate e os cerca de 12,5 mil soldados estrangeiros que permanecerão no Afeganistão terão a tarefa de dar assistência às forças de segurança locais, que somarão mais de 350 mil soldados e policiais.
Até o final de 2015, as tropas americanas serão cortadas pela metade. Um ano depois, ficarão apenas soldados para proteger a Embaixada dos Estados Unidos em Cabul. “Juntos conseguimos erguer o povo afegão da escuridão e desespero, e demos a eles esperança no futuro”, afirmou o comandante da Isaf, John Campbell. “Tornamos o Afeganistão mais forte, e nossos países, mais seguros.”
Desde meados de 2013, militares afegãos já estão encarregados da segurança nacional. Mas contavam com a ajuda estrangeira. Dados da ONU confirmam que a violência aumentou 19% no Afeganistão em 2014. Até novembro, 3,1 mil civis morreram no Afeganistão, além de outros 4,6 mil militares locais. A construção de uma democracia – prometida pela missão em 2001 – também é um projeto incompleto. Diante de acusações de fraude na eleição, um impasse político tem impedido a formação de um governo.