A China será o segundo país do mundo, depois da Rússia, a ter capacidade para fabricar mísseis móveis a combustível sólido de alcance intercontinental com ogivas múltiplas.
Os mísseis DF-31 começaram sendo desenvolvidos em meados dos anos de 1980, simultaneamente com o lançamento do programa do míssil balístico para submarinos JL-2. O JL-2 e o DF-31 têm estruturas semelhantes e são fabricados pela mesma empresa – a Fábrica 307 de Nanquim da corporação CASIC.
A primeira versão do míssil DF-31, que entrou ao serviço em 2006, tinha um alcance de cerca de 8000 km, o que não lhe permitia alcançar as cidades principais do território continental dos EUA. Contudo, se tratou de um êxito importante. Foi a primeira vez que a China obteve um míssil móvel a combustível sólido de alcance intercontinental, pouco vulnerável no caso de um possível ataque preventivo incapacitante dos EUA.
Em finais dos anos 2000 a China iniciou a instalação de seus mísseis DF-31A, os quais já eram verdadeiros mísseis intercontinentais com alcance superior a 10 mil quilômetros e capazes de atingir as maiores cidades norte-americanas. Entretanto esse míssil, devido a uma série de parâmetros, não devia ainda satisfazer completamente as forças chinesas de mísseis estratégicos.
Para terem mobilidade, por exemplo, tanto o DF-31, como o DF-31A, utilizam semirreboques muito grande que são puxados por caminhões tratores. Sua mobilidade não é elevada, eles só se podem deslocar por estrada. Simultaneamente, sabemos que a companhia de veículos especiais Wanshan, que faz parte da CASIC, mantém há muitos anos estreitas relações com a Empresa de Veículos de Reboque com Rodas de Minsk (MZKT) da Bielorrússia.
A MZKT é o principal fabricante de chassis dos lançadores autopropulsados dos mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) russos. Sabemos que a China trabalhou na criação de seu próprio análogo ao chassi MZKT-79221, que serviu de base aos lançadores russos para mísseis Topol-M. A utilização do novo lançador autopropulsado com mobilidade elevada é uma das tendências evidentes para o desenvolvimento do ICBM chinês.
Outra tendência é o equipamento do míssil com ogivas múltiplas e com um conjunto aprimorado de contramedidas para evitar os antimísseis inimigos. A possibilidade de instalar ogivas múltiplas também era prognosticada por muitos observadores para o DF-31A, mas neste caso o míssil não iria, provavelmente, ter alcance suficiente devido à insuficiência de suas capacidades energéticas.
Provavelmente os chineses estão percorrendo o caminho de evolução dos ICBM móveis russos a combustível sólido, que levaram ao aparecimento do míssil RS-24 Yars de ogivas múltiplas. A entrada ao serviço desses mísseis irá provocar, certamente, o aumento do número total de ogivas instaladas em mísseis intercontinentais móveis e, em consequência, o aumento geral do potencial nuclear chinês.
A China será o segundo país do mundo capaz de fabricar mísseis móveis a combustível sólido de alcance intercontinental com ogivas múltiplas. Nenhum outro país do mundo, além da Rússia e da China, possui uma arma dessa classe, nem a terá dentro de um futuro previsível