“As novas carabinas e espingardas são destinadas ao mercado civil, embora tenham sido projetadas com base em armas militares”, anunciou o assessor do diretor-geral da Kalashnikov, Andrêi Kirisenko.
A carabina esportiva Saiga-MK 107, por exemplo, foi criada sob os princípios da metralhadora Kalashnikov da série 100 – enquanto o impacto da arma foi reduzido, sua precisão quase dobrou.
Também está nos planos da empresa a criação de uma carabina com cartuchos que atendam aos padrões da Otan (calibre 7,62×51) e russos, cujo calibre é de 7,62×39 e 5,45×39 milímetros.
A carabina Saiga-9 tem um passado militar, pois foi baseada na pistola-metralhadora nacional Vitiaz-SN. Além da confiabilidade, o alto grau de semelhança com a já utilizada pistola militar é o grande destaque da carabina que utiliza cartuchos 9×19 Parabellum.
A aparência da arma deve atrair a atenção de compradores nacionais e estrangeiros.
Segundo dados do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar, a parcela das armas de pequeno porte no valor geral das exportações russas, no final ano de 2013, foi de 1 a 2%.
A terceira arma civil que será lançada em um futuro próximo é a Saiga-12 Model 340.
Criado conforme as exigências de esportistas e representantes de forças especiais, esse modelo ganhou uma caixa de culatra fortificada e sistema de recarregamento rápido. O volume do carregador também aumentou e agora é de 10 cartuchos.
O freio de boca reduziu significativamente o impacto, não permitindo que a arma “passeie” depois do tiro. Os representantes da empresa garantem que essa poderá ser utilizada tanto por esportistas, como por unidades policiais.
Embora esteja focando em mercados de armamento civil, a Kalashnikov não pretende diminuir a produção militar. Atualmente, a exportação de armas russas de pequeno porte é feita por entregas únicas, mas em grandes contratos.
Segundo o diretor do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar, Aleksandr Fomin, isso permite convidar países que não são compradores constantes de armas russas à cooperação técnico-militar e, assim, entrar em novos mercados, oferecendo não só armas e munições, mas também outro tipo de armamento.
Combate aos clones
Os novos modelos de armas produzidos pela Kalashnikov não foram apresentados pela primeira vez na Eurosatory 2014.
No início deste ano, eles já haviam sido levados à Feira Internacional de Armas Shot Show 2014, nos EUA, onde a Kalashnikov e a Russian Weapon Company (RWC) assinaram um acordo exclusivo de fornecimento de armamentos de Ijevsk aos Estados Unidos e Canadá. O volume de exportação da empresa para esses países é de 80 a 200 mil peças ao ano.
“Um revendedor exclusivo da RWC ajudará a Kalashnikov a conduzir uma política consistente na área de venda de armas esportivas e de caça na América do Norte”, disse o vice-diretor geral de vendas e marketing da Kalashnikov, Pável Kolegov. “Com essa cooperação, esperamos o aumento da parcela da empresa no maior mercado de armamento civil do mundo.”
O recente acordo sinaliza aos outros participantes do mercado que a Kalashnikov pretende conquistar para um si um novo nicho, segundo o especialista militar independente Igor Korotchenko.
“Isso sugere uma reviravolta da Kalashnikov ao modelo clássico de negócios – ganhar dinheiro, marketing ativo, política agressiva orientada à exportação. Isso é necessário não só para o renascimento da marca, mas também para sua consolidação em novos mercados, de onde fomos afastados pelos fabricantes de cópias mais baratas de armas”, diz.