O Exército iraquiano uniu-se a milicianos voluntários em uma nova operação para tentar recuperar o controle da cidade de Ramadi, capital da província de Anbar (oeste) tomada por integrantes do Estado Islâmico (EI) há uma semana. Também com o apoio de bombardeios norte-americanos, cerca de 3 mil combatentes tribais avançaram em direção ao local.
Apesar dos esforços internacionais, o EI mantém o controle da cidade histórica de Palmira, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, e, em solo iraquiano, avançou em direção a cidades do oeste de Anbar, segundo informações da rede de televisão Al-Jazeera. As ações para retomar a cidade de Ramadi se concentram no leste da província.
O local é considerado estratégico porque fica a apenas 100km da capital, Bagdá. Anbar ocupa uma vasta área do oeste iraquiano e faz fronteira com a Síria e a Jordânia. Autoridades locais relataram à imprensa que posições na região já foram recuperadas. “Libertamos a delegacia de Husaybah, a 7km de Ramadi, assim como seus arredores. A operação consegue avanços significativos”, afirmou um coronel da polícia iraquiana à agência de notícias France-Presse.
Segundo a rede britânica BBC, a operação contou com a participação da milícia Mobilização Popular Xiita, que tem apoio do Irã. Até então, as milícias xiitas haviam permanecido às margens das operações em Anbar para evitar conflitos com a população local, de maioria sunita. Sheikh Rafia Abdelkarim Al-Fahdawi, líder das tribos sunitas da região, no entanto, afirmou ter enviado voluntários para as frentes de combate.
Apesar de as tribos sunitas se oporem à ocupação do EI e às barbáries cometidas por seus combatentes, representantes dos grupos que seguem a corrente religiosa no país demandam maior participação no governo do primeiro-ministro Haider Al-Abadi, um xiita, em troca de ajuda para conter os jihadistas. Segundo a Al-Jazeera, os sunitas desejam controlar os territórios que ocupam e criar seus próprios serviços de segurança.
Críticas
O Departamento de Defesa norte-americano informou que, desde sexta-feira, 22 bombardeios foram realizados em diversas regiões da Síria e do Iraque. Nos arredores de Ramadi, quatro ataques tiveram como alvo unidades táticas dos jihadistas, destruindo veículos, posições de combate e de artilharia pesada. O secretário de Estado, John Kerry, disse estar confiante de que o avanço dos extremistas na região serão revertidos em breve.
Ao menos 500 pessoas morreram durante a tomada de Ramadi pelos extremistas e 40 mil moradores fugiram da região nos últimos dias. O avanço do EI alimentou críticas contra a eficiência das operações lideradas por Bagdá. Os bombardeios chefiados por Washington, que já duram nove meses, não ficaram isentos de comentários negativos.
O vice-presidente iraquiano, Ayad Allawi, chegou a afirmar que a campanha aérea da coalizão internacional não funciona. “Não existem boas notícias da coalizão internacional e não há estratégia. Então, pedi para os líderes iraquianos elaborarem uma estratégia e apresentarem para a coalizão”, relatou. “A coalizão internacional cumpre sua parte, mas sem resultados, os ataques aéreos não resolvem o problema.”
FONTE : Correio Brazilense