Quase 30 mil soldados iraquianos e milicianos apoiados pela Força Aérea iniciaram nesta segunda-feira (2) uma ofensiva contra os jihadistas na região de Tikrit (ao norte de Bagdá), na maior operação realizada até o momento para recuperar um dos principais redutos do grupo Estado Islâmico (EI).
As forças de segurança avançam ao longo de três frentes principais rumo a Tikrit, Ad Dawr (ao sul) e Al-Alam (ao norte), disse a à AFP por telefone um tenente-coronel que está na região. Caça-bombardeiros, helicópteros e artilharia se dirigem a Tirkit para assegurar o avanço (das forças pró-governamentais) e cortar as vias de abastecimento, disse.
Fontes militares reportaram que aviões iraquianos participavam da operação, mas não está claro se a ofensiva também conta com um apoio aéreo estrangeiro, iraniano ou da coalizão internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos.
Segundo o coronel, as forças pró-governamentais “também avançam por vias secundárias com o objetivo de impedir uma fuga do Daesh (acrônimo do grupo jihadista em árabe)”, que controla a cidade natal do ditador iraquiano executado Saddam Hussein há nove meses.
O EI havia se apoderado desta cidade em junho, aproveitando-se de um ataque no norte e no oeste do Iraque, onde o grupo extremista sunita impõe sua lei e multiplica as atrocidades, como nos territórios que controla na vizinha Síria.
Esta operação militar é uma das mais ambiciosas lançadas por Bagdá para fazer os jihadistas recuarem e começou na madrugada desta segunda-feira, depois de ter sido anunciada na véspera pelo primeiro-ministro, Haider al-Abadi.
Segundo o coronel iraquiano entrevistado pela AFP, as forças envolvidas na batalha de Tikrit estão integradas por exército, polícia, unidades antiterroristas, grupos de voluntários pró-governamentais, conhecidos sob o nome de Unidades de mobilização popular, e tribos locais sunitas hostis ao EI.
Vingar Speicher
A partir de Samarra, a outra grande cidade da província de Saladino, o primeiro-ministro iraquiano convocou no domingo as forças pró-governamentais a proteger a população civil durante a ofensiva. “A prioridade que fixamos ao exército e às forças que o ajudarão é a de preservar a segurança dos cidadãos”, indicou Abadi, que queria salvaguardar a segurança dos habitantes de Tikrit, principalmente sunitas, que temem as represálias por parte das forças de segurança se os jihadistas forem finalmente expulsos da região.
Hadi al-Ameri, comandante das Unidades de mobilização popular e figura central da luta no Iraque contra o EI, havia solicitado à população de Tikrit que abandonasse a cidade em 48 horas, para vingar Speicher. Speicher é uma base militar próxima a Tikrit onde várias centenas de novos recrutas, principalmente xiitas, foram capturados antes de ser executados nos últimos dias da ofensiva do EI no Iraque.
As milícias xiitas, em particular, sempre prometeram vingar as execuções de Speicher, provocando o medo de um possível massacre contra a população sunita se Tikrit for recuperada. Por outro lado, certas tribos sunitas da região foram acusadas de estar envolvidas no massacre de Speicher. No domingo, Abadi se dirigiu aos habitantes de Tikrit para pedir que se voltassem contra os jihadistas.
“Faço um apelo a todos os que se equivocaram e cometeram erros para que deponham as armas hoje. Esta pode ser a última oportunidade”, declarou, sugerindo a possibilidade de uma anistia para alguns dos habitantes que tenham ido para o lado do EI.