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Friday, 22 de November de 2024
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Um míssil explodiu o vôo MH 17 da Malaysia Airlines, dizem os EUA

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A declaração do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, deu o tom da gravidade da situação. “Isso não é nem um acidente nem uma catástrofe, é um ato terrorista”, afirmou. Por volta das 16h15 (10h15 em Brasília) de ontem, o Boeing 777-200ER da Malaysia Airlines desapareceu dos radares três horas e meia após decolar do Aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, com 283 passageiros e 15 tripulantes.

O voo MH17 tinha como destino Kuala Lumpur, capital da Malásia. Uma coluna de fumaça avistada próximo ao vilarejo de Grabovo, na região separatista de Donetsk (no leste da Ucrânia), a 40km da fronteira com a Rússia, sinalizou a tragédia. A queda do avião, atribuída a um míssil pelos Estados Unidos, agravou o conflito entre Kiev e Moscou e deflagrou uma troca de acusações entre os dois governos.

Fontes do Pentágono confirmaram à TV CNN que um radar detectou a ativação do sistema de mísseis terra-ar e rastreou uma aeronave pouco antes de o MH17 cair. Um segundo sistema teria “visto” uma fonte de calor no momento do sumiço do 777.

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Destroços da aeronave e pedaços de corpos ficaram espalhados por um raio de 15 quilômetros. Não há sobreviventes. O MH17 levava ao menos 154 holandeses, 27 australianos, 23 malaios, 11 indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense.

Muitos corpos estavam intactos, presos à poltrona. De acordo com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, o 777 “aparentemente foi derrubado”. “Não foi um acidente, ele foi “apagado” do ar”, comentou. A comunidade internacional reagiu com preocupação e choque.

Os presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Barack Obama (EUA) conversaram por telefone, enquanto o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigiu uma “investigação internacional completa e transparente”. O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir às 11h de hoje (hora de Brasília), em caráter emergencial.

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As autoridades ucranianas fecharam as rotas aéreas sobre o leste do país. As companhias British Airways, Lufthansa e Turkish Airways, e as russas Transaero e Aeroflot, anunciaram que evitarão o espaço aéreo da Ucrânia.

Porta-voz da República Popular de Donetsk (RPD), simpatizante do Kremlin, Sergey Kavtaradze assegurou que os insurgentes não têm tecnologia capaz de derrubar um jato. “Os sistemas de defesa aérea portáteis que nós temos funcionam até 3 mil ou 4 mil metros de altitude. É possível dizer (…) que as Forças Armadas da Ucrânia o destruíram”, declarou.

Putin culpou a Ucrânia. “Não há dúvida de que o Estado em que fica o território onde ocorreu essa queda tem a responsabilidade por esta terrível tragédia”, afirmou. “Ela não teria ocorrido se a paz reinasse nesse país.” Por meio de nota, o Ministério da Defesa ucraniano descartou a presença de militares de Kiev em Donetsk.

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“Nenhum sistema terra-ar está envolvido nas operações militares contra os separatistas no leste, e o avião estava fora do alcance de outras forças de defesa aérea da Ucrânia.” Na quarta-feira, um caça russo tinha abatido um avião ucraniano. Autoridades de Kiev também denunciaram Moscou pela queda de um caça Sukhoi Su-25, no mesmo dia.

Diálogo suspeito

Mensagens publicadas em sites de rebeldes sugerem que os insurgentes confundiram o jato com um avião de transporte militar AN-26, abatido no mesmo horário e na mesma região.

Foi o pessoal do posto de Tchernoukhine que derrubou o avião. Ele se desintegrou no ar, major. (…) Era um avião civil“, afirmou Igor Strelkov, cidadão russo apresentado pelo governo ucraniano como um coronel da Inteligência militar e considerado o “ministro da Defesa” dos separatistas.

Em outro texto divulgado em uma rede social russa, no momento da queda do MH17, Igor Girkin, militante da RPD, escreveu: “Nós avisamos para eles não voarem no nosso céu. E aqui está um vídeo de outro “grande pássaro caindo”. O avião caiu atrás das montanhas, áreas residenciais não foram atingidas, pessoas inocentes não foram feridas”.

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William Waldock, especialista em desastres aéreos pela Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, em Prescott (Arizona) — admitiu ao Correio que as evidências apontam que um míssil Buk (SA-11) atingiu o voo MH17. “A partir de fotos e de vídeos, vemos que partes da fuselagem traseira e do estabilizador vertical não tiveram danos causados pelo fogo e ficaram longe da cratera do impacto.

Dentro dela, havia um foco de incêndio, além do motor, do trem de pouso, de pedaços da asa e da estrutura interna do tanque de combustível.” Segundo ele, os fragmentos seriam consistentes com a explosão de um míssil próximo à cauda, o que fez o resto da fuselagem cair em um único pedaço.

Moradora de Kiev desde 2007, a catarinense Eveline Buchatskiy, 43 anos, disse ao Correio que a população ucraniana ficou chocada com a derrubada do 777. “Há meses, a Ucrânia vem chamando a atenção para o fato de a Rússia equipar terroristas mercenários com material bélico altamente sofisticado, os quais eles não sabem usar. Aí está o resultado”, comentou.

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“Existe um ponto da fronteira, em Lugansk, que está sob controle da RPD. Por ele, entram diariamente combatentes, mercenários e equipamento do Exército russo”, acrescentou. A tragédia de ontem foi a segunda envolvendo a Malaysia Airlines em pouco mais de quatro meses. Em 8 de março passado, o Boeing 777 que fazia o voo MH370 mudou de rota e cessou todo o contato com os controlares aéreos, com 239 pessoas a bordo. O avião nunca foi encontrado.

Versões para a tragédia

O que se sabe sobre a queda do avião da Malaysia Airlines na Ucrânia

Atentado insurgente

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirma que se trata de um ato terrorista e que as forças ucranianas não estão envolvidas. Por sua vez, um conselheiro do ministro do Interior, Anton Gerarschenko, afirma que os rebeldes dispararam um míssil terra-ar Buk contra o avião a partir da cidade de Torez, a 10km do local da queda da aeronave.

Culpa da Ucrânia

O primeiro-ministro da autoproclamada República de Donetsk, Alexandre Borodai, afirma que as forças ucranianas derrubaram o avião.

Ataque e contra-ataque

Os líderes de outra região separatista, a República de Lugansk, foram mais incisivos e afirmaram que o avião foi derrubado por um caça ucraniano, que foi abatido depois pelos rebeldes.

Atentado contra Putin

A tese mais extraordinária foi elaborada por uma fonte anônima da agência federal do transporte aéreo russa Rossoviatsia, citada pela agência russa Interfax: o avião malaio teria sido derrubado por um míssil terra-ar ucraniano ou por um míssil disparado pelo piloto de um avião que pretendia atingir a aeronave do presidente russo, Vladimir Putin,que regressava da reunião de cúpula do Brics no Brasil.

Eu acho…

“Os aspectos físicos da queda do voo MH17 são consistentes com um ataque de míssil, provavelmente o Buk SA-11. Ele tem um alcance vertical de 75 mil pés (22,8 mil metros) e horizontal de 30 milhas (48km). Guiado por meio de radar, carrega uma ogiva de 68kg com um fusível de proximidade. Ao explodir, ele não atinge o alvo, mas lança seus estilhaços contra ele.”

William Waldock, especialista em desastres aéreos pela Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, em Prescott (Arizona)

“Se a aeronave foi derrubada, isso não foi feito com lança-mísseis portáteis. Deve ter sido obra de um míssil poderoso, a uma altitude de 30 mil pés ou mais. A queda do Boeing 777 implica que os rebeldes ou os separatistas não o derrubaram. Creio ser mais provável o envolvimento de uma unidade treinada pelo Exército, com acesso a um grande sistema de defesa aérea.”

Kevin Ryan, diretor de Projetos de Defesa e Inteligência da Harvard Kennedy School of Government

FONTE : Correio Braziliense

Fonte | Fotos: operacional