Imediatamente após a constatação dos danos causados pelas fortes chuvas no litoral Norte do Estado de São Paulo, a Marinha do Brasil (MB) mobilizou-se para auxiliar a população da região. Ainda na manhã do dia 22 de fevereiro, o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico” suspendeu do Arsenal de Marinha, no Rio de Janeiro, com um efetivo de mais de 1.000 militares, dentre esses 180 Fuzileiros Navais e 70 profissionais de saúde. O navio chegou ao porto de São Sebastião-SP, uma das áreas mais afetadas, no dia seguinte (23).
A prontidão da MB para atuar em situações de emergência possibilitou que, em coordenação com a Defesa Civil e a Secretaria Municipal de Saúde, observando orientações do Ministério da Defesa e do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, fossem mapeadas as necessidades locais para o melhor emprego das capacidades trazidas pelo navio.
Nesse contexto, para desafogar as unidades públicas de saúde, foram montados um Hospital de Campanha (HCamp) no navio, durante a travessia Rio-São Sebastião, e um outro no bairro de Juquehy, na cidade de São Sebastião. Também foram mobilizadas equipes móveis de assistência médica, que atenderam os desabrigados na localidade de Barra do Sahy. Ao todo, foram realizados mais de 1.200 atendimentos médicos, odontológicos, psicológicos e religiosos.
A capacidade operativa do NAM “Atlântico”, maior navio da Marinha do Brasil, somada ao caráter expedicionário e de pronto emprego do Corpo de Fuzileiros Navais, possibilitou que fossem levados com agilidade equipamentos de engenharia, maquinários e materiais para a prestação do apoio humanitário. O emprego do “binômio” navio e tropas potencializou o emprego eficiente dos meios e militares da Marinha.
“É importante ressaltar a importância estratégica do Navio-Aeródromo Multipropósito ‘Atlântico`, que, com as suas capacidades aéreas e de transporte de tropa, tem demonstrado ser essencial para apoio nessas missões de ajuda humanitária e remediação de desastres”, destacou o Contra-Almirante Marcelo Menezes Cardoso, Comandante do Grupo-Tarefa da Operação “Abrigo pelo Mar”.
Paralelamente, as aeronaves embarcadas foram empregadas para reconhecimento, transporte de materiais e equipes técnicas, além de evacuação aeromédica, totalizando 100 horas de voo.
Profissionais de saúde em atendimento à população no Hospital de Campanha, em Juquehy
As ações em terra contaram com a atuação de militares do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Apoio à Defesa Civil. Esse grupamento foi criado em 2011, após deslizamentos de terra ocorridos em Nova Friburgo-RJ. Ele atua em situações de catástrofes naturais e acionamentos humanitários e tem um esquema de escala especial.
“Durante o verão, nos meses de maior concentração histórica de volume de chuvas, é feito um rodízio entre as unidades operativas da Força de Fuzileiros da Esquadra em que são escalados militares que ficam de prontidão para oferecer uma rápida resposta a esse tipo de ocorrência. Além disso, no batalhão logístico de Fuzileiros Navais, todo o material necessário fica pré-armazenado em caminhões, prontos para utilização em apoio às tropas”, afirmou o Capitão de Mar e Guerra (FN) Glaucio Rodrigues Junior, Comandante do 2º contingente do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Apoio à Defesa Civil.
O resultado das atividades do GptOpFN foi a desobstrução de 530 metros de vias públicas, com a retirada de aproximadamente 2.000 toneladas de escombros, e o transporte e entrega de 110 toneladas de donativos.
Para a população, o trabalho realizado pela Marinha do Brasil foi fundamental para o restabelecimento da situação na região. “Nós tínhamos muitos desabrigados e desalojados e todos os donativos entregues, além da assistência médica, diminuiu muito as dificuldades que o povo estava enfrentando. Ficamos muito agradecidos com todo esse apoio”, disse Sérgio Ramos, morador da cidade de São Sebastião.
Características do Poder Naval contribuíram para o sucesso da missão
Na Operação “Abrigo pelo Mar”, foi possível observar algumas características essenciais da Marinha: mobilidade, pois um grande efetivo de militares e meios foi prontamente acionado e deslocado do Rio de Janeiro para o litoral Norte de São Paulo; permanência, já que a Marinha manteve mais de 1.000 militares na área de operação durante mais de 18 dias; e versatilidade, com o maior navio de guerra da Marinha, o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, rapidamente adaptado para operar em seu interior um Hospital de Campanha com mais de 200 leitos, um dia após sair da sua base no RJ.
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Vanessa Mendonça – São Sebastião, SP