Desde a última quarta-feira (4), 1.377 militares, em maioria provenientes da região de Marabá (PA), formam as forças de paz brasileiras na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH).
Sob o comando do coronel Vinícius Ferreira Martinelli, o 20º Contingente tem o objetivo de, nos próximos seis meses, consolidar a pacificação da capital Porto Príncipe e propiciar um ambiente sócio-político no qual as instituições haitianas possam se fortalecer.
Na cerimônia de substituição de tropas, o da MINUSTAH, General José Luiz Jaborandy Júnior, elogiou a atuação das forças brasileiras – que compõem a maior parte do efetivo desde que a missão foi criada pelo Conselho de Segurança da ONU em 2004.
O Gen Jaborandy enalteceu o caráter cooperativo dos militares brasileiros e disse sentir-se honrado com o trabalho realizado pelo Brasil no país caribenho ao longo dos últimos dez anos.
“Reconheço o apreciável espírito de corpo que sempre caracterizou – e continua a caracterizar – as tropas brasileiras no Haiti. Nos enche de orgulho, como soldados do Brasil, verificar a camaradagem e a união existente entre todos aqueles que têm o privilégio e a honra de conduzir a bandeira nacional em solo haitiano”, destacou o force commander.
Durante a solenidade, foi lido o discurso do ministro da Defesa, Celso Amorim, em que são nomeados os militares que comandarão as forças de paz no Haiti.
Além do coronel Martinelli, chefe do Batalhão Brasileiro de Infantaria (Brabat), foram designados o capitão-de-mar-e-guerra Osmar da Cunha Pena, para o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, e o tenente-coronel Alessandro da Silva, comandante da Companhia Brasileira de Engenharia (Braengcoy) na MINUSTAH.
O General Jaborandy Junior agradeceu aos três comandantes que atuaram no Haiti no 19º Contingente: coronel Anísio David de Oliveira Júnior, capitão-de-mar-e-guerra André Figueiredo e tenente-coronel Guilherme Langaro Bernardes. “As ações de comando exercitadas por estes três líderes militares brasileiros foram fundamentais para que tão expressivos resultados fossem alcançados com justiça e obrigação”, disse o general.
Também estiveram presentes na cerimônia o embaixador do Brasil na Republica do Haiti, Jose Luiz Machado e Costa, acompanhado do embaixador de El Salvador, Ernesto Ferreiro Rusconi.
O 20º Contingente
Composto por homens e mulheres de 18 estados do Brasil, o 20º Contingente conta com 887 militares do Exército Brasileiro (EB), 245 da Marinha do Brasil (MB) e 34 da Força Aérea Brasileira (FAB).
Além de integrantes das Forças Armadas de outros países – sendo 31 paraguaios, 2 canadenses e 1 boliviano. Já a Braengcoy é formada por 177 militares do EB especialistas na execução de obras.
São 16 as mulheres que compõem as forças brasileiras. Entre elas, 13 – 11 do Exército e duas da Marinha – irão servir no BRABAT. Já as outras três, também do EB, atuarão no companhia de engenharia.
A Capitão-tenente da Marinha, médica Denise Rocha está determinada a fazer o melhor em sua primeira missão no Haiti, “Venho para esta missão de paz em um país que passa por inúmeras dificuldades, com grande vontade de desenvolver o meu trabalho da melhor forma possível e deixar minha contribuição para um povo tão sofrido”, afirmou a capitão-tenente.
O efetivo militar brasileiro conta ainda com capelães, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, assessoria jurídica, assessoria de comunicação, dentistas e médicos. Este aparato possibilita à tropa equilíbrio e preparo físico e psicológico para seguir focados na missão.
A tropa permanece por seis meses no Haiti para dar continuidade ao bem-sucedido trabalho manutenção de um ambiente seguro e estável, apoio às atividades de assistência humanitária e fortalecimento das instituições nacionais haitianas. Mas a ajuda vai além das escoltas e patrulhas.
As tropas também realizam as chamadas ações de Cooperação Civil-Militar (CIMIC) nas quais militares atuam em escolas e orfanatos e fazem diversas atividades como: procedimentos de higiene bucal, doação de alimentos e brinquedos e oficinas de desenho para milhares de crianças.
Os avanços em Citè Soleil
Para os que partem, fica a saudade dos amigos locais, mas também, a sensação de dever cumprido. Depois da experiência de servir no Haiti em 2004, o comandante da 2ª Companhia de Fuzileiros de Força de Paz, capitão do Exército Márcio Rodrigo Ribas, retornou em 2014 para compor o 19º Contingente.
Responsável pela área de Citè Solei, uma das regiões mais violentas do Haiti, ele afirma que os avanços atingidos na região são expressivos. “Em 2004, o Haiti era muito pior do que vemos hoje.
Durante os 10 anos da presença da MINUSTAH aqui, podemos observar um avanço muito grande na estrutura de segurança”, afirmou.
Para o capitão, o índice de criminalidade diminuiu graças à presença dos militares na área. “Antigamente, em Citè Solei, só se entrava com carros blindados. Era uma região dominada por bandidos que disputavam território. Atualmente, a região está iluminada devido aos projetos da ONU de iluminação solar”, afirmou.
Para o comandante da 2ª Companhia, o legado é ver no povo haitiano a esperança de poder viver – e não apenas a de seguir sobrevivendo, “Ver o haitiano sempre sorrindo e buscando melhor qualidade de vida é engrandecedor. O nosso soldado sai daqui uma pessoa muito melhor do que quando chegou, pois nosso objetivo sempre foi o de ajudar um país a se reerguer e a desenhar uma nova história”, ressaltou o capitão Ribas.