Disputas por água e alimentos em conflitos marcados mais pelo emprego de maquinário de altíssima tecnologia do que pela presença humana. Assim devem ser as guerras daqui a trinta anos na avaliação de especialistas internacionais que participam, em Brasília, do workshop “Guerras do Futuro: a configuração dos conflitos em 2045”. O evento é promovido pelo Instituto Pandiá Calógeras (IPC) do Ministério da Defesa e faz parte das comemorações do 15º aniversário da pasta.
Segundo o diretor do Instituto, professor Antônio Jorge Ramalho, o objetivo maior do encontro é propiciar, a partir dos debates com nomes de referência internacional no setor, reflexões capazes de projetar os desafios que as Forças Armadas e o Ministério da Defesa possam vir a enfrentar no futuro.
“Estamos explorando aqui quais serão as tendências que poderão colocar em risco o Brasil, a segurança dos brasileiros e de suas instituições. Daqui, surgirão informações úteis para os tomadores de decisão”, explicou Ramalho.
De acordo com o diretor do IPC, o diálogo propiciado pelo encontro contribui não só para a projeção de estratégias e cenários em um horizonte de 30 anos, mas também para que as autoridades brasileiras possam conhecer, de forma mais profunda, a visão que outros países têm do perfil de atuação do Brasil na área de Defesa.
“O encontro permite ouvirmos percepções de pessoas que vêm de outras partes do mundo, e a gente consegue ouvir e comunicar com mais clareza quais são os nossos objetivos”, explicou.
Preparação
O coronel Fabio Paggiaro, da Assessoria Especial de Planejamento do Ministério, afirma que os setores que programam quais serão os projetos prioritários dos próximos anos precisam estar envolvidos nesse tipo de discussão.
“Qualquer preparação militar precisa ser feita com muita antecedência, até pelo tempo que se leva para formar um oficial e também pelos ciclos de vida dos equipamentos”, disse.
Segundo o coronel, um elemento que já é essencial nos dias de hoje – e que, certamente, terá cada vez mais importância – é o nível de desenvolvimento tecnológico de cada país. Por isso, garante, é tão importante investir em tecnologia. “Você precisa imaginar como vão ser os conflitos para você fazer os investimentos corretos, é preciso tempo para identificar necessidades, desenvolver o projeto e entregar o projeto”, afirmou.
O workshop “Guerras do Futuro”, que começou nesta segunda-feira (8), reúne pesquisadores de países como Chile, Colômbia, Portugal, França, Estado Unidos, Singapura e África do Sul. O encontro terá a duração de dois dias, quando serão realizados seis painéis que tratarão de uma percepção global da atualidade para a projeção do que serão as características de futuras guerras.
Representantes dos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), também participam dos debates.