Foi encerrada no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (27), a sexta edição do Curso Básico de Assistência e Proteção em Resposta a Emergências Químicas para Estados Partes da América Latina e Caribe. A capacitação reuniu 42 participantes de 17 países e confirmou a posição do Brasil como liderança em operações de Defesa Biológica, Química, Radiológica e Nuclear (DBQRN) junto às nações do GRULAC – Grupo Latino-Americano e Caribenho das Nações Unidas.
Segundo o general Aderico Visconte Pardi Mattioli, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia Industrial (DECTI) do Ministério da Defesa, o Brasil tem sido um “signatário ativo” da convenção que deu origem à Organização para Proibição das Armas Químicas (OPAQ) em 1997 e, por isso, tem dividido sua expertise no tema com nações amigas do continente.
“Temos tido uma competência muito forte nesse setor e essa atitude tem reconhecimento internacional. Especialmente depois de termos a experiência dos grande eventos sem traumas”, avaliou o general, em alusão à sequência de acontecimentos internacionais sediados pelo Brasil como os Jogos Mundiais Militares (2011), a Conferência da ONU Rio+20 (2012), a Jornada Mundial da Juventude (2013) e a Copa do Mundo Fifa de 2014.
Mattioli acredita que o conhecimento acumulado pelas Forças Armadas em DBQRN tem aplicação que vai além de situações típicas de Defesa, como o terrorismo. “Nossos protocolos operacionais na área transbordam para a segurança pública e a defesa civil, setores em que eventos podem colocar em risco vidas humanas são até mais comuns”, explicou.
OPAQ
O Ministério da Defesa é um dos membros que compõem a Autoridade Nacional para Implementação da Convenção para Proibição de Armas Químicas. O Brasil é um dos 190 signatários do documento que deu origem à OPAQ, cuja sede funciona em Haia, Holanda.
Segundo o secretário-executivo da Autoridade Nacional, Sérgio Frazão, o Brasil é um dos poucos países que tem implementado integralmente a Convenção, devido ao grande conhecimento operacional tanto das Forças Armadas como do parque industrial químico brasileiro – um dos maiores do mundo. Por isso coopera com países da América Latina como da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Temos consolidado cada vez mais o nosso protagonismo”, disse.
Para Frazão, que também é coordenador-geral de Bens Sensíveis do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, um dos desafios no setor de defesa química no Brasil é integrar os protocolos de procedimentos das Forças Armadas, da indústria e dos organismos estaduais, como o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil.
Nesse sentido, está em estudos no Ministério da Defesa a criação do Centro de Assistência e Proteção em Resposta a Emergências Químicas da América Latina e Caribe, uma organização de excelência que fomentará o intercâmbio de experiências e informações, além de padronizar protocolos. “Essas atividades já são desenvolvidas em todo o país. Com o centro, teremos uma atualização e uma disseminação mais rápida do conhecimento”, explicou o general Mattioli.
Argentina
Dos 42 membros da capacitação, 26 também participarão do nível avançado do curso, que acontecerá no próximo mês de abril na Argentina. Participaram da qualificação integrantes das Forças Armadas, policiais, bombeiros e civis do Brasil, Antígua e Barbuda, Argentina, Barbados, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia.