A França e a Rússia propuseram ao governo brasileiro parcerias para o lançamento de foguetes na Base de Alcântara, no Maranhão. O Brasil rompeu no mês passado um acordo com a Ucrânia, mas negou que tenha havido pressão russa para a quebra do contrato. Moscou quer criar um complexo de lançamento de foguetes para substituir o acordo que existia entre Brasília e Kiev desde 2004.
Fontes do alto escalão da diplomacia russa revelaram ao Estado que a proposta é de que seja instalado no Brasil o lança foguetes Angará. Elaborado no Centro Khrunichev de Pesquisas Espaciais, o Angará é considerado parte fundamental do projeto espacial russo para a próxima década e foi construído para competir com o francês Ariane.
O primeiro lançamento tripulado estaria previsto para o ano de 2021 da Base de Vostochny. Para isso, os modelos Angara, nome tirado de um rio no leste da Sibéria, vão passar por uma ampla modificação, em uma renovação que custaria US$ 160 milhões. O objetivo russo é também o de fechar um acordo com o Brasil justamente para ter uma de suas bases em uma região perto da Linha do Equador. Isso reduziria de forma substancial os custos de lançamento para colocar satélites em órbita.
Airbus
Com o apoio do governo francês, a Airbus também quer construir lançadores de satélites em Alcântara. O projeto prevê um programa francobrasileiro de pequeno porte, com fins não apenas militares, mas também comerciais. A ideia da joint venture fora apresentada às autoridades brasileiras em 2009, mas até aqui o governo não demonstrava interesse.
Em visita a Paris, em maio, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, prometeu analisar a proposta. Wagner teve reuniões com executivos do governo e de empresas de defesa como a Airbus, a Thales e a DNCS. No encontro com executivos da Airbus, o projeto de parceria na exploração de Alcântara foi então reapresentado e dessa vez foi bem visto pelo ministro da Defesa.
A França já tem um foguete bem sucedido, a série Ariane hoje em versão 5 , e uma base de lançamentos de satélites geoestacionários de grande porte, situada em Kourou, na Guiana Francesa. Esse centro de lançamento seria, em tese, concorrente de Alcântara, mas a proposta da Airbus é de segmentar as duas bases.
Kourou seria voltada aos satélites de grande porte, de entre 6 e 9,5 toneladas e com órbita a 36 mil km de altitude, e Alcântara aos de pequeno, para equipamentos de até 600 quilos e órbitas de 700 km de altitude. Pela proposta, mais uma vez o governo brasileiro entraria com a estrutura, a Base de Alcântara, mas agora a tecnologia também seria desenvolvida no Brasil, pela Airbus em parceria com uma ou mais empresas brasileiras. Na reunião, foi aventado o nome da Embraer.