De 2000 até este ano, os investimentos na área de Defesa aumentaram 10 vezes, passando de R$ 1,7 bilhão para R$ 11,3 bilhões. Os dados foram apresentados pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (20).
Sobre o aumento no salário dos militares das Forças Armadas, o ministro disse estar “consciente” da defasagem nos contracheques e lembrou que foi concedido aumento de 28,86% recentemente. “Prometo olhar a questão, assim como o auxílio moradia e o salário família. Não estou defendendo que está bom, mas estamos em processo de discussão.”
Falou, ainda, acerca da evasão de praças e oficiais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica pelos baixos soldos oferecidos na carreira. Em 2014, a Força Naval perdeu 78 militares, a Terrestre 104 e a Aérea 87. No entanto, segundo Jaques Wagner, a carreira em uma dessas instituições ainda é algo almejado e atrativo para os jovens. “Na Aman [Academia Militar das Agulhas Negras], por exemplo, a relação de candidatos por vaga é de 20 para uma. Até o caso de um recruta, que ganha uma quantia simbólica, é grande a demanda.”
Um dos parlamentares que participa da audiência indagou o ministro sobre o alistamento militar obrigatório. Para responder à pergunta, ele pediu que o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, explicasse como é a disputada concorrência. E admitiu a necessidade de modernização do sistema.
Jogos Olímpicos
Questionado sobre a criação de uma lei antiterrorismo no país, Jaques Wagner afirmou que, embora não tenha legislação sobre o assunto, o Brasil está em preparação, nesse sentido, para os Jogos Olímpicos Rio 2016. De acordo com ele, o país vem trocando informações entre bancos de inteligência internacionais. E está recebendo as experiências adquiridas em eventos desta natureza com a Inglaterra, França e Estados Unidos.
Ele deixou claro que a missão fundamental das Forças Armadas não é permanecer de maneira perene em ações de competência dos órgãos de segurança pública, como as polícias. “As Forças são a principal reserva de segurança do país, como acontece no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Existe essa consciência.”
Cooperação
As parcerias com países vizinhos e nações-amigas também foram foco da apresentação do ministro Jaques Wagner, durante a audiência pública. Ele destacou o apoio dado pelos brasileiros ao Haiti. De acordo com o titular, em dez anos de missão já foram aportados no Estado caribenho, cerca de R$ 2 bilhões.
A doação de equipamentos de defesa ao estrangeiro, conforme afirmou, “pode ser vista como algo perplexo”. “É uma realidade o repasse de materiais a outros países, mas são coisas que já têm mais de 20 anos de uso e estão defasados para nós. Muitos nem possuem peças de reposição, mas mesmo assim algumas nações aceitam”, explicou.
A audiência de hoje foi presidida pela titular da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB/MG), e contou com a presença dos comandantes das Forças, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira (Marinha); general Eduardo Dias Villas Bôas (Exército); e brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato (Aeronáutica).