Em tempo de cortes, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou ontem que o orçamento do setor é baixo, e precisa aumentar. Segundo ele, a Defesa é o sétimo ministério com mais verbas, mas o Brasil ainda gasta pouco na comparação com outros países. A expectativa é que o corte na Defesa chegue a 40% do total do orçamento da pasta. De acordo com Wagner, é preciso investir na Defesa para garantir a paz, defender o patrimônio nacional, fortalecer a democracia e produzir desenvolvimento socioeconômico.
Estamos com 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma de tudo que é produzido no país), quando na América do Sul a média é de 2,3%, e nos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é de 2,5%. Estamos abaixo e precisamos avançar nisso, se nós quisermos efetivamente fazer o desenvolvimento que pretendemos — afirmou em audiência no Senado.
Compra dos Caças será mantida
O momento, no entanto, não é favorável porque o governo anuncia hoje cortes no Orçamento. Para se adequar ao contingenciamento, as Forças Armadas negociarão contratos e prazos. Segundo uma fonte, os projetos estratégicos não serão totalmente paralisados, mas haverá forte redução no ritmo dos investimentos. O ministro não mostrou desconhecimento dessa realidade, mas afirmou que programas do ministério — como a aquisição dos caças suecos Gripen, em que há transferência de tecnologia para o Brasil — não serão descontinuados
É um dado de realidade. Nós demoramos muito tempo a lançar as bases de uma indústria de defesa, e agora nós não vamos descontinuar por conta de um problema que eu considero conjuntural. Temos uma conjuntura de ajuste fiscal, que não é definitiva. E os programas que nós estamos fazendo são definitivos — disse o ministro.
Wagner também defendeu que o país aumente sua participação no mercado da indústria bélica. Segundo o Ministério da Defesa, o Brasil exporta US$ 3 bilhões por ano no setor, frente a um mercado mundial que chega a US$ 1,5 trilhão. Nós precisamos ocupar parte dessa fatia. Nós não queremos ser compradores. Queremos ser produtores e compradores, afirmou.
O ministro criticou o uso constante das Forças Armadas em operações de garantia da lei e da ordem, como é o caso da ocupação do Complexo da Maré no Rio de Janeiro. Segundo ele, a Maré custa R$ 1 milhão por dia. A ocupação do Complexo do Alemão, também no Rio, custou mais de R$ 200 milhões. Em 2014, Wagner, como governador da Bahia, pediu a presença de militares quando houve greve da Polícia Militar, mas disse que se tratava de situação excepcional.
FONTE : O Globo