O ministro da Defesa, Jaques Wagner, encerrou sua participação na edição 2015 da feira LAAD Defense&Security ao conceder entrevista coletiva aos jornalistas nacionais e estrangeiros que cobrem o evento – o maior do setor na América Latina. Ao responder sobre o contingenciamento de recursos no âmbito do governo federal, Wagner foi enfático ao assegurar que os projetos estratégicos das Forças Armadas já iniciados terão continuidade.
“Todos sabem que estamos passando por um processo de ajuste fiscal. Portanto, aportar recursos em novas aquisições não é razoável neste ano. Estamos trabalhando para garantir a continuidade de projetos já iniciados durante este ano para retomar no futuro. Até porque o ajuste fiscal é para crescer, e não um ajuste pelo ajuste”, afirmou Wagner na coletiva.
De acordo com ministro, a área econômica do governo deverá assegurar o fluxo de recursos para os projetos estratégicos na área de Defesa. “O governo tem consciência de que esse tipo de projeto não pode ser descontinuado. Até porque o ônus para retomá-los é muito grande, porque o projeto vai ficar muito mais caro”, afirmou.
Para Jaques Wagner, “é preciso preservar o que é prioritário e ‘apertar o cinto’ naquilo que não tem consequência danosa imediata”. Ele também reconheceu que alguns projetos, em virtude dos contingenciados, podem evoluir num ritmo menos acelerado, mas que não acredita que a medida resultará em demissões no setor. “Até porque a gente sabe que um quadro especializado como da área de Defesa não se forma da noite para o dia”, ressaltou.
Sobre atrasos em pagamentos para empresas fornecedoras de equipamentos para as Forças Armadas, o ministro reconheceu o débito, como no caso da Embraer no projeto do avião cargueiro KC-390, e disse que a situação está sendo equacionada.
Cooperação Bilateral
Nos dois dias em que esteve presente na LAAD 2015, Jaques Wagner manteve encontros bilaterais com representantes dos governos de países como os Estados Unidos, a França, a Turquia, a Grécia, a República Tcheca, o Paraguai, o Suriname e a Jamaica. “Foram abertas mais janelas de oportunidade de negociação”, afirmou.
Wagner se mostrou otimista com a entrada do tema da defesa durante a visita oficial da presidenta Dilma Rousseff ao presidente Barack Obama, em Washington, no próximo mês de junho.
Olimpíadas Rio 2016
O ministro da Defesa também falou sobre o processo de compra de três baterias antiaéreas de média altura Pantsir S1 – com capacidade de atingir alvos a partir de 10 mil metros – , de fabricação russa. As negociações, iniciadas em 2013, estão na fase final antes da assinatura de contrato. A previsão é que as Forças Armadas possam empregar o equipamento no plano de defesa dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
“Temos que apressar o processo porque o deadline já está muito avançado. As questões técnicas já foram ultrapassadas e o processo de aquisição está na minha mesa. Nós não abandonamos o projeto e esperamos que seja razoável termos o equipamento para as Olimpíadas no ano que vem”, disse.
Ainda sobre a competição, Wagner disse que o Brasil negocia com a empresa sueca Saab o empréstimo de dez caças Gripen – em modelo anterior ao que o Brasil terá a partir de 2019 – para ser empregado ao longo dos jogos.