Uma comitiva composta por nove oficiais do Ministério da Defesa embarcou nesta ultima terça-feira (26) com destino a Moscou, na Rússia, com o objetivo de realizar avaliações complementares do sistema de artilharia antiaérea de média altura Pantsir-S1.
O grupo brasileiro participará de um exercício de campo das forças armadas russas, quando poderão verificar in loco requisitos considerados essenciais para que o processo de aquisição, iniciado em 2013, tenha prosseguimento e possa entrar em sua fase contratual.
O Tenente-Brigadeiro do Ar Gérson Machado, chefe da Chefia de Logística (CHELOG) do Ministério da Defesa, será o comandante da comitiva – que terá integrantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea. Os militares brasileiros irão à cidade de Tula, a 200km de Moscou, para ver o sistema Pantsir-S1 em ação num campo de provas .
“Temos de fazer a verificação de requisitos operacionais num campo de provas, onde todos os procedimentos são controlados e podem ser analisados com precisão. Teremos acesso aos dados e à telemetria”, explicou o brigadeiro. Segundo Machado, os militares russos adaptaram o exercício em conformidade com a demanda brasileira. “O cenário foi montado de acordo com o que foi pedido”, disse.
Serão nove dias de análises que deverão subsidiar relatório essencial para que o processo de aquisição de três sistemas Pantsir-S1 entre na fase contratual. O cuidado com as observações, segundo o brigadeiro, se deve ao fato de que o acordo prevê a transferência irrestrita de tecnologia.
“São muitas as variáveis a serem levadas em conta. Não se consegue analisar tudo em apenas um único teste”, ressaltou Machado, em alusão às provas realizadas em campo de tiro no início do ano.
O processo para a aquisição dos sistemas Pantsir-S1 tem o objetivo de atender a demanda das Forças Armadas para contar com um sistema de defesa antiaérea de média altura – para abater alvos que transitam a partir de 10 mil metros.
Cada uma das três forças singulares, caso o negócio seja concretizado, ficará responsável por um dos sistemas, que deverá proteger, prioritariamente, estruturas estratégicas militares e civis, como usinas hidrelétricas e instalações nucleares. A doutrina para emprego das baterias antiaéreas será de responsabilidade do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra).
As tratativas entre Brasil e Rússia na área de Defesa iniciaram-se em 2008, com a assinatura do Acordo de Cooperação Técnico-Militar entre os dois países. Em dezembro de 2012, a relação entre os dois países passou a ser regida pelo Plano de Ação da Parceira Estratégica, que prevê cooperação a longo prazo, fundamentada no interesse mútuo, nas parceiras industrias e na transferência de tecnologia.
O procedimento para a aquisição dos sistemas de artilharia antiaérea Pantsir-S1 iniciado concretamente a partir de fevereiro de 2013, quando os dois países assinaram uma Declaração de Intenções. O documento estipulou que o processo de compra se pautaria pela transferência efetiva de tecnologia, sem restrições; desenvolvimento conjunto de novos produtos; e sustentabilidade logística integrada.
De acordo com o Tenente-Brigadeiro Machado, é objetivo do Brasil ter, no médio prazo, capacidade tecnológica e industrial para o desenvolvimento de suas próprias baterias de artilharia antiaérea. “É por isso que o nosso processo de aquisição tem de ser meticuloso. Não vamos apenas comprar um produto. Queremos ser parceiros no desenvolvimento”, explicou.
O processo de aquisição já passou pelas fases diagnóstica e exploratória. Agora, encontra-se na parte final da fase de negociação. Após a visita dos militares brasileiros à Rússia, caso todos os requisitos sejam aprovados, as autoridades brasileiras entrarão na fase contratual com a empresa estatal russa Rosoboronexport – responsável por intermediar a venda de produtos de Defesa do país.
Além dos três sistemas de artilharia antiaérea de média altura Pantsir-S1, o Brasil também deverá reforçar a defesa do seu espaço aérea com a aquisição de mais sistemas de artilharia de baixa altura Igla – também de origem russa -, e o desenvolvimento, pela indústria nacional, de um subsistema de controle e alerta de média altura, composto por três sensores e três centros de operações de artilharia antiaérea.