O Ministério da Defesa (MD) tem envidado esforços para expandir a área de medicina operativa no País. O objetivo é acelerar o processo de integração e interoperabilidade entre Marinha, Exército e Aeronáutica e permitir a atuação conjunta de profissionais em situações de conflito, operações de paz e desastres naturais.
A meta do MD é inaugurar em 2021 o primeiro Centro Conjunto de Medicina Operativa das Forças Armadas, no Rio de Janeiro. Nesses anos que antecedem a inauguração do Centro, o Ministério vem desenvolvendo diversas atividades preparatórias relacionadas ao setor.
Uma delas é a realização do primeiro Curso de Resposta Médica a Desastres Naturais e Antropogênicos. Uma oportunidade de adestramento conjunto entre as Forças Singulares e outras agências para atuação em acidentes com múltiplas vítimas, como o treinamento para os Grandes Eventos, em especial, os Jogos Olímpicos Rio 2016.
O Curso se desenvolverá em três etapas. A primeira etapa, de Instrução Presencial, será realizada na Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro, entre os dias 27 e 31 de julho. A segunda, etapa de Instrução e Planejamento Virtuais, acontecerá na modalidade de Ensino a Distância (EAD), entre os meses de julho e novembro deste ano.
“O Ministério da Defesa percebeu a carência de treinamento na área de medicina operativa, e sabemos que o envolvimento dos militares em casos de desastres naturais imediatamente após o ocorrido pode ajudar a salvar muitas vidas. Assim começou o trabalho de concepção estratégica para criação do Centro”, comenta o capitão-de-fragata Pedro Sá.
O ponto alto desse treinamento será a terceira etapa – Execução Presencial, com a apresentação dos planejamentos e exercícios combinados, em uma arena olímpica no Rio de Janeiro, no mês de novembro. O curso será ministrado em parceria com o United States Center for Field Medicine (US – CFM), sediado na cidade de Cleveland, Ohio, Estados Unidos, e contará, também, com a cooperação de militares do setor de saúde do Comando Sul do Exército dos EUA.
O Centro
A necessidade de se criar um Centro Conjunto de Medicina Operativa no Brasil, surgiu a partir da elaboração, em 2013, de um Manual de Apoio de Saúde em Operações Conjuntas, voltado aos militares. O Manual, ainda em fase de aprovação, apresenta as diretrizes para que os militares profissionais de saúde possam atuar integrados em situações de conflito e frente a desastres naturais e antropogênicos, prestando atendimento às vítimas de catástrofes.
“O MD, por intermédio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), percebeu a necessidade de incrementar o treinamento na área de medicina operativa, considerando que o eficiente atendimento inicial ao ferido, contemplando os preceitos da “Hora de Ouro” e dos “10 Minutos de Platina” pode ajudar a salvar mais vidas. Assim teve início o trabalho de concepção estratégica para criação do Centro”, comenta o capitão.
O Centro será um local para treinamento, tanto na área pré-hospitalar quanto para sala de emergência e cirurgia do trauma. Os cursos preparatórios terão duração de até 15 dias e serão voltados para civis e militares que atuam com medicina realizada em ambiente hostil. O objetivo é treinar médicos, enfermeiros, combatentes e multiplicar o conhecimento nas organizações militares por meio de equipes móveis de treinamento.
O General José Carlos de Nardi destaca que a interoperabilidade deve ser a palavra de ordem para que o Centro Conjunto de Medicina Operativa seja criado e funcione de forma otimizada. Como já havia afirmado anteriormente o chefe do EMCFA, “o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, sem dúvida nenhuma, será o catalisador para que isso ocorra”.
O Centro pretende elevar a qualidade do atendimento médico nas operações militares, proporcionar a interoperabilidade entre as Forças e entre estas e órgãos civis na área da medicina operativa, desenvolver um quadro operacional comum em eventos de múltiplas vítimas (desastres naturais, atentados, etc) e produzir uma “linguagem no tratamento do trauma” comum entre as Forças e os órgãos de segurança pública.
Sendo assim, como uma visão estratégica mais ampla, o MD pretende desenvolver uma organização no Brasil em excelência médica no tratamento de trauma e fomentar estratégias, conhecimento e treinamento para emergências médicas, incluindo atentados terroristas, desastres naturais e ajuda humanitária internacional.
Seminário Internacional
Também como parte das ações de integração voltadas à medicina operativa, a Chefia de Logística do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do MD realizou nos dias 25 e 26 de junho, em Salvador, o 1º Seminário Internacional de Medicina Operativa.
O Seminário teve como objetivo desenvolver a capacidade na área de treinamento em medicina operativa, incentivar a cooperação entre os países do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS), permitir uma visão geral das capacidades de treinamento médico militar no âmbito dos países membros e integrar o pessoal de saúde dos países para a futura participação em operações combinadas, em resposta aos conflitos armados e aos desastres naturais.
Participaram do Seminário representantes do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. “Todos os países demonstraram grande interesse nesse intercâmbio em medicina operativa. Assim, o Projeto do Centro Conjunto de Medicina Operativa das Forças Armadas é prioritário para o MD e, uma vez implementado, pretende ser uma referência na América do Sul na área de treinamento médico operativo”, sentencia o general-de-divisão José Orlando Ribeiro Cardoso, vice-chefe de Logística do Ministério da Defesa.