Em sua terceira visita à Amazônia desde que assumiu a pasta, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, anunciou apoio à implementação da Hidrovia do Rio Madeira, que cortará os estados de Rondônia e do Amazonas. Orçado em R$ 40 milhões – preço equivalente a apenas 40 km de rodovia -, a hidrovia terá uma extensão de 1.076 km. Jaques Wagner acredita que o momento é adequado para o governo federal investir no transporte hidroviário.
“O custo do transporte nas hidrovias é mais barato e na Amazônia não temos estradas”, disse o ministro. Wagner anunciou que articulará junto a outros ministérios apoio à Marinha do Brasil para a realização das quatros fases necessárias para a implementação da hidrovia: levantamento hidrográfico, produção de carta náutica, sinalização e dragagem dos pontos críticos do leito dos rios.
Acompanhado do comandante da Marinha, almirante Eduardo Barcellar Leal Ferreira, e da secretária-geral do Ministério da Defesa, Eva Chiavon, Jaques Wagner iniciou sua agenda de trabalho em Manaus assistindo ao um desfile náutico com as embarcações que compõem o 9º Distrito Naval, responsável pela proteção das águas da região amazônica.
Na sequência, o ministro da Defesa participou de uma Operação de Assistência Hospitalar à População Ribeirinha (ASSHOP) a bordo do Navio Hospitalar Oswaldo Cruz. A embarcação realiza missões de atendimento médico-odontológico aos habitantes das áreas isoladas da Amazônia desde os anos 1980. A comitiva realizou atendimentos na localidade de Terra Nova, localizada no município de Careiro da Várzea, a 25km de Manaus.
Ainda pela manhã, Wagner acompanhou a demonstração de um exercício de desembarque realizado pelo Batalhão de Operações Ribeirinhas do Fuzileiros Navais. O ministro pôde conferir a execução da manobra militar cujo objetivo é retomar e manter o controle de uma área sob ameaça na região da floresta tropical.
Recebimento do Navio Hidroceanográfico “Rio Branco”
Pela tarde, o ministro Wagner presidiu, no Cais da Estação Naval do Rio Negro, a cerimônia que marcou o recebimento do Navio Hidroceanográfico “Rio Branco”. A embarcação, desenvolvida pela Indústria Naval do Ceará (Inace), irá aumentar a segurança da trafegabilidade dos rios amazônicos.
Com investimentos de R$ 48 milhões em equipamentos – financiados pelo Ministério da Defesa por meio do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) -, o “Rio Branco” irá realizar o levantamento cartográfico e mapear o leito dos rios para detectar bancos de areia que causam acidentes náuticos, desobstruindo as estradas fluviais .“Temos que apostar nas hidrovias e aumentar a segurança das embarcações realizando a dragagem dos rios”, disse o ministro Wagner ao receber a embarcação.
A entrada em operação do “Rio Branco” deverá baratear os custos de transporte na região. Atualmente, para navegar de Manaus a Tabatinga, é necessário a contratação de uma lancha ao custo de R$ 60 mil para detectar os bancos de areia e evitar acidente com a embarcação. Também participaram da cerimônia o comandante de Operações Navais da Marinha, almirante Elis Treidler Öberg, e o comandante do 9º Distrito Naval, almirante Domingos Sávio Almeida Nogueira.
Pesquisa
Jaques Wagner também destacou que a embarcação, em função de seus equipamentos modernos, também deverá atrair cientistas e estudiosos de alto nível. “A plataforma do navio poderá ser usada por pesquisadores para ampliar o trabalho de coleta de dados e mapeamento, desvendando os mistérios do solo e do subsolo dos rios amazônicos”, afirmou
O navio Rio Branco se incorporá à frota do 9º Distrito Naval, onde outras duas embarcações menores que já trabalham na cartografia da maior bacia hidrográfica do mundo – que é a do Rio Amazonas.
A embarcação
O projeto do Navio Hidroceanográfico “Rio Branco” foi concebido pelo Centro de Projetos de Navios da Marinha e desenvolvido pelo estaleiro construtor, a Indústria Naval do Ceará (INACE). Com 70% de conteúdo nacional, o projeto do navio gerou um incremento na capacidade tecnológica em construção de navios militares e de pesquisa.
A embarcação tem a capacidade de coletar dados da atmosfera, dos rios e do solo submerso para uso em pesquisas científicas em prol do monitoramento e da caracterização física, química, geológica e ambiental de áreas estratégicas. A embarcação também realiza levantamentos hidrográficos, obtendo dados com a qualidade exigida conforme as especificações da Organização Hidrográfica Internacional.
O Navio foi lançado ao mar em 20 de outubro de 2014. Teve a sua construção iniciada em 06 de dezembro de 2012, batimento de quilha – sua inauguração simbólica – em 23 de abril de 2013 e mostra de Armamento e Incorporação à Armada em 17 de dezembro de 2014.