A BAE Systems, empresa britânica responsável pela modernização de 150 blindados M-113 de transporte de pessoal para o Exército, deu início ao processo de expansão do projeto para mais 238 veículos. A segunda fase está avaliada em US$ 42 milhões. Na primeira fase foram investidos US$ 50 milhões, segundo informou o diretor-geral da BAE Brasil, Marco Antonio Caffé.
Segunda maior empresa de defesa do mundo, os contratos da BAE no Brasil passam de US$ 500 milhões. A empresa é fornecedora de aviônicos para o KC-390 e foi a primeira a fechar acordo de “offset” (compensação industrial e tecnológica) exigido pela Força Aérea Brasileira (FAB) no projeto.
A BAE está transferindo tecnologia para a Embraer na parte de integração de comandos de voo, que poderão ser fabricados no país pela Rockwell e a parte de manutenção deverá ser feita pela TAP Manutenção e Engenharia. “A BAE é líder mundial no fornecimento de produtos eletrônicos de controle de voo, que operam em cerca de 15 mil aeronaves, incluindo o Legacy 500 da Embraer e agora o KC-390”, disse o vice-presidente da BAE para América Latina, Llyr Jones.
O projeto de modernização do M-113 permitiu ao Exército o domínio completo do ciclo de manutenção desses veículos no país. “Com o segundo lote a capacitação da indústria local será estendida para a manutenção de itens como caixa de transmissão, que já é montada no Brasil com peças nacionais da GTF “, disse Caffé.
A terceira fase de capacitação inclui a nacionalização do motor e a Caterpillar é a mais cotada para trabalhar no projeto. Nesta etapa, estuda-se a possibilidade de modernização de um lote adicional de 198 veículos.
A modernização do M-113 faz parte do Projeto Estratégico Obtenção da Capacidade Operacional Plena (Ocop) do Exército. O objetivo do programa, composto por 17 projetos estratégicos, é dotar as unidades operacionais do Exército de material de emprego militar em seu nível mínimo de prontidão e operacionalidade.
A BAE foi contratada diretamente pelo governo americano para esse projeto. Trata-se de um sistema de compra conhecido pela sigla FMS (Foreign Military Sales), em que países parceiros dos Estados Unidos podem se valer da estrutura de compra americana, grande comprador de produtos militares, para baratear seus custos de aquisição.
O chefe da seção de Ciência e Tecnologia do Estado Maior do Exército e supervisor do Ocop, coronel Elivaldo João Rossi, lembra que a família dos veículos M-113 é uma das mais utilizadas no mundo, com um número superior a 80 mil veículos nas forças armadas de 44 países.
“A decisão de modernizar o segundo lote dos blindados M-113 já foi tomada e assinada entre os governos do Brasil e dos EUA. A expectativa é que antes de meados do ano o contrato entre em vigor no Brasil”, disse Caffé.
Outro projeto relevante da BAE com o Exército é o da modernização da frota de 37 viaturas M-109 blindadas, de combate obuseiro autopropulsado. Mais um lote de 40 unidades doadas pelos EUA e equipadas com sistemas embarcados de última geração também serão revitalizadas pela BAE. O contrato está avaliado em US$ 60 milhões. “A integração dos sistemas conta com a participação de engenheiros brasileiros nos EUA”, disse.
Para a Marinha, a BAE forneceu três navios de patrulha oceânica (OPVs) de 1800 toneladas e também os serviços de suporte. O contrato com a Marinha teve custo de R$ 387,2 milhões. O acordo com a BAE prevê ainda uma licença de fabricação para que o Brasil possa construir no país outras embarcações da mesma classe e, futuramente, expandir para navios do tipo Corveta.
Nota da Edição : Em nossa última edição (Nº 7) que foi Lançada durante a LAAD 2015, temos uma ampla matéria falando desta modernização, com o título “Modernização do M-113 no Exército Brasileiro – 1968 a 2015” e quem assina esta belíssima matéria é o renomado pesquisador em assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, o Srº Expedito Carlos Stephani Bastos.