Após a euforia da assinatura do contrato entre o Brasil e a Suécia em outubro, pelo programa F-X2, começa agora o desafio de fazer o acordo funcionar na prática. A partir de março de 2015, começam os preparativos para a etapa mais complexa do programa –a transferência de tecnologia, prevista no contrato de US$ 5,4 bilhões.
O acordo prevê a compra de 36 caças Gripen NG, que serão produzidos pela empresa Saab na Suécia em parceria com empresas brasileiras mediante transferência de tecnologia.
Sob a tutela da Aeronáutica, essa etapa ainda requerer negociações entre os países e empresas parceiras do contrato, a principal delas, a Embraer, de São José. “As reuniões bilaterais estão ocorrendo para definição dos detalhes”, disse em Linköping, na Suécia, o brigadeiro Ricardo Machado Vieira, chefe do Estado Maior das Forças Armadas do Brasil, no início de novembro.
A Embraer, que terá a liderança no processo de transferência de tecnologia, informou que o contrato definitivo para esse estágio ainda precisa ser assinado. A previsão é que a assinatura ocorra em março do ano que vem. A empresa brasileira será co-responsável pelo desenvolvimento completo da versão de dois lugares do Gripen NG, inclusive do processo de certificação do avião.
A Embraer também vai coordenar atividades de produção no Brasil em nome da Saab, incluindo a participação no desenvolvimento de sistemas, integração, testes em voo, montagem final e entrega das aeronaves feitas no Brasil. Até agora, a Embraer assinou memorando de entendimento com a Saab, substituído por um acordo preliminar, que detalha o escopo da parceria.
Avanço. Na Suécia, executivos da Saab têm um discurso mais avançado. “Já foram feitas muitas discussões com os parceiros e estamos prontos para a transferência de tecnologia”, disse Jan Germundsson, vice-presidente de Parcerias Industriais da Saab. Germundsson disse que a Suécia espera 200 engenheiros brasileiros a partir de 2015 para iniciar a transferência de tecnologia. A informação não foi confirmada no Brasil.
Os engenheiros seriam de empresas selecionadas como parceiras. Ulf Nilsson, chefe do Gripen na Area Aeronáutica, citou sete principais empresas, além da Embraer. Seriam a SBTA e a Inbra, de São Bernardo, a Akaer, Mectron e Atech, de São José, a Selex e a GE. A SBTA –segundo executivos da Saab– teria previsão de contratar 1.000 pessoas em razão do contrato.
Oficialmente, as parceiras falam pouco sobre o assunto. Ainda haveria temores, por exemplo, de que fornecedores tenham dificuldade de cumprir prazos. As entregas devem acabar em 2024, um ano além do previsto inicialmente, para previsão de atrasos. “A parceria é o mais importante agora”, afirmou Bo Torrestedt, diretor da Saab para a América Latina.
FONTE : O Vale