Ao contrário da mensagem que o Governo Portugues tem repassado à todos, a instabilidade que a TAP vive neste momento está deixando alguns investidores preocupados. Um deles é o dono da Azul, David Neeleman que ainda não decidiu se irá apresentar uma oferta pela companhia de aviação nesta próxima sexta-feira, data limite para a entrega de propostas de compra.
Todos sabem que o empresário, filho de pais norte-americanos mas nascido no Brasil, encara como um risco a sucessão de greves que a empresa vem enfrentando, nomeadamente a paralisação de dez dias convocado pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), que ainda não deixou cair por completo a ameaça de novos protestos.
Mas há outras variáveis que fazem com que o empresário, que além da Azul fundou também a low cost norte-americana Jetblue, ainda não dê como certa a apresentação de uma oferta pela TAP. Em destaque está a elevada dívida e o investimento que será necessário para capitalizar e renovar a frota e a oferta da companhia de aviação nacional.
Além disso, não é garantido que se consiga gerar retorno para minimizar o risco de apostar na empresa, cujo passivo ronda os € 106,2 milhões e que tem capitais próprios negativos superiores a € 500 milhões.
Ainda assim, Neeleman considera que a empresa aérea possa ter um bom caminho pela frente, pela capacidade técnica, força de trabalho, situação geográfica e forte ligação com o Brasil, mas entende que será necessária uma cooperação entre todos (banca, trabalhadores, sindicatos e Governo) para que os planos futuros deem resultados.
O dono da Azul está neste momento em Lisboa para tomar uma decisão final sobre se concorre ou não à privatização da TAP. Um dos pontos importantes será o dos aliados que conseguir angariar. Nesta quarta-feira, o jornal Diário Económico noticiou que o grupo português Barraqueiro (que tinha sido apontado como parceiro de Miguel Pais do Amaral, igualmente na corrida pela companhia de aviação) irá fazer parte do seu consórcio, mas não foi possível até ao momento confirmar a vericidade desta informação.
Um dos momentos importantes da passagem de Neeleman por Portugal é um encontro com o Governo para prestar os últimos esclarecimentos sobre a operação. Tal como foi noticiado, o executivo também recebeu os representantes de Gérman Efromovich, outro dos candidatos.
Apesar de sete investidores terem assinado o termo de confidencialidade com o Governo para acederem a informação sobre a TAP e avançarem com uma proposta, nem todos deverão concretizar uma oferta. As próximas horas serão cruciais para perceber realmente quem permanecerá na corrida.
Além de Neeleman, de Efromovich e de Pais do Amaral, fazem parte deste lote a companhia de aviação brasileira Gol e três capitais de risco: as norte-americanas Apollo e Cerberus e a britânica Greybull, dona da low cost Monarch.
Há muitas condicionantes que podem levar a um novo fracasso da venda da TAP, repetindo o cenário de 2012 em que o Governo rejeitou a oferta de Efromovich e foi obrigado a suspender o processo. Mas um dos mais importantes é a posição do PS relativamente a esta privatização, já que o secretário-geral do partido veio afirmar que, se chega-se ao poder de tudo ele faria para reverter o negócio.
Fonte: Publico.pt / Texto: Raquel Almeida Correia