O diretor-presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, disse que a empresa não pretende reduzir o ritmo de desenvolvimento do seu principal produto na área de defesa — o jato de transporte militar KC-390 — por conta dos atrasos no pagamento das parcelas devidas pelo governo brasileiro. “Ainda temos algum tempo pela frente, mas essa não é a intenção no momento”, disse, em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre.
O executivo ressaltou, porém, que se o governo interromper o pagamento dos programas, a Embraer será obrigada a paralisar a produção. “Não vamos pagar o resto do desenvolvimento sozinhos”, afirmou. Dependendo da situação, segundo ele, o impacto vai se refletir no atraso das entregas, que serão mais lentas. Ele ressaltou ainda que o melhor quadro hoje é a continuidade do programa conforme o planejado.
A previsão de exportação de produtos de defesa, como o KC-390 e o Super Tucano, segundo Curado, deve balancear uma eventual redução de investimentos do lado brasileiro. O presidente da Embraer disse que a companhia manterá o foco nos três principais programas da defesa, que são o KC-390, a integração dos sistemas do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Brasileiro (SGDC) e o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron).
O vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Embraer, José Antônio Fillipo, disse em entrevista a jornalistas que o valor total a receber da Embraer relacionado aos programas que a empresa tem com o Comando da Aeronáutica é da ordem de R$ 850 milhões. Deste total, cerca de R$ 700 milhões são relativos ao projeto do jato de transporte militar KC-390, que está sendo produzido para a Força Aérea Brasileira (FAB). A Embraer recebeu a primeira parcela dos atrasados, no valor de R$ 138 milhões, no começo de abril.
No balanço divulgado nesta quinta-feira, a Embraer informa que as contas a receber de clientes aumentaram R$ 567 milhões no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre. O total devido atingiu R$ 2,44 bilhões, refletindo o alongamento dos ciclos de pagamento de alguns clientes, principalmente no segmento de defesa e segurança.
A participação do segmento de defesa e segurança na receita total da Embraer caiu de 31,8% no primeiro trimestre de 2014 para 20% no mesmo período deste ano. A receita total do setor atingiu R$ 614,8 milhões, ante os R$ 931,4 milhões registrados no primeiro trimestre do ano passado.