A Embraer espera vender mais jatos executivos nos Estados Unidos este ano para compensar o menor apetite por aeronaves de milionários do Brasil, China, Rússia e outros emergentes. Segundo o presidente executivo da Embraer Jatos Executivos, Marco Tulio Pellegrini, somente o mercado americano está crescendo nesse segmento.
Na zona do euro, mesmo com previsão de crescimento econômico, as vendas continuam estagnadas. E nos emergentes, a queda continua. Para o executivo, a queda de 14% nas vendas globais do segmento foi uma “grande surpresa”. Na Embraer, o recuo foi maior, mas as vendas se aquecem mesmo ao longo do ano, ressaltou durante o Salão Europeu de Aviação Executiva (Ebace, em inglês), em Genebra. A concorrente Bombardier anunciou corte de produção e demissão de 1.750 empregados por causa das turbulências no segmento.
Já Embraer vai transferir a produção do Phenom para os Estados Unidos, para a linha de produção no Brasil ser usada na fabricação de jatos comerciais da nova geração (E2) e maiores. O Brasil foi o segundo país a mais comprar jatos executivos (não regionais) no mundo, atrás apenas dos EUA, entre 2010 e 2013. Nesse período de alta demanda, os jatos Embraer correspondiam por mais de um terço da preferência dos clientes brasileiros e seu jato leve Phenom 100E dominou a frota do país.
Em média, o mercado brasileiro comprava 50 jatos executivos por ano. Com o fim do “boom”, a demanda caiu para cerca de um terço desse valor desde 2014. Hoje, a frota de jatos executivos em operação no país é de 850 aeronaves, sendo 190 fabricados pela Embraer. “O mercado de jatos executivos é impulsionado pela confiança”, disse Pellegrini. “E as empresas estão adiando investimentos (no Brasil). Nos Estados Unidos é o contrário.Mas espero que em breve a economia brasileira retome o crescimento”.
A Embraer destaca, contudo, que sua base de cliente é global, com presença em mais de 60 países e que a tendência é que em 2015 seja superada a entrega de 116 jatos executivos registrada no ano passado. A meta é de entregar entre de 80 a 90 jatos executivos leves e de 35 a 40 jatos executivos grandes, podendo gerar receita entre US$ 1,7 bilhão e US$ 1,85 bilhão neste ano. Com isso, o segmento deverá aumentar sua participação na receita global da companhia, de 26% em 2014 para 28%.
Há dez anos, a aviação executiva representava apenas 7% do faturamento total. O segmento de jatos privados vem sofrendo ainda pressão de preços, pressionados para baixo por conta da oferta elevada de modelos usados, diz Pellegrini. Por outro lado, o executivo nota que o tráfego aéreo está aumentando nos Estados Unidos e o número de milionários aumentou 14%, alcançando 13,6 milhões de pessoas.
Nesse cenário, projeta que até 2024 sejam entregues 9.250 jatos executivos, ao valor de US$ 265 bilhões, por todos os construtores do segmento. Hoje, em Genebra, a Embraer vai anunciar a transferência do centro de serviços para jatos executivos no aeroporto Le Bourget, em Paris, para uma área com o dobro do tamanho. Também vai anunciar a venda de um Legacy 500, com preço oficial de US$ 31 milhões, para um cliente europeu. A companhia MEA, do Líbano, está comprando um Legacy 500 para começar a operar no último trimestre.