Assim como já acontece com o Chile e a Colômbia, o governo do Equador quer desenvolver um programa de compensação tecnológica (offset) com a Embraer, em contrapartida à venda de 18 aeronaves Super Tucano para a Força Aérea Equatoriana (FAE).
“Já iniciamos as conversas com a Embraer no que diz respeito à transferência de tecnologia, de acordo com os compromissos contratuais já estabelecidos”, disse o vice-ministro da Defesa Nacional do Equador, Carlos Larrea, durante visita que a comitiva do presidente Rafael Correa fez, na manhã de ontem, às instalações do Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP).
O contrato com a Embraer foi fechado em maio de 2008 e estava avaliado em US$ 270 milhões. O pedido inicial envolvia 24 aeronaves, mas um ano depois foi reduzido para 18 unidades.
“Estamos começando uma nova etapa de cooperação com a Embraer com o objetivo de desenvolver soluções de uso dual, com aplicação tanto na área de defesa quanto no de desenvolvimento ambiental sustentável”, disse o coronel da FAE, Patrício Salazar, gerente do escritório logístico que o governo do Equador acaba de instalar em São José dos Campos para acompanhar os projetos de cooperação tecnológica com o Brasil.
O desenvolvimento de satélites meteorológicos e de observação de recursos naturais, bem como de sistemas para veículos aéreos não tripulados, são duas áreas que o Equador estabeleceu como prioritárias dentro da sua política de desenvolvimento tecnológico e para isso também negocia parcerias com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), entre outras instituições e empresas brasileiras.
“Temos muito interesse em estabelecer projetos de coprodução de computador de bordo e de piloto automático para drones “, disse o vice-ministro.
O acordo de “offset” com a Embraer, segundo o coronel Salazar, ajudará o Equador no aperfeiçoamento da capacidade local nas áreas de manutenção de aeronaves e, possivelmente, no desenvolvimento de algum tipo de manufatura aeronáutica, além de peças de reposição.
“O governo aprovou esta semana um decreto que transformou uma instituição da FAE em uma empresa pública que irá impulsionar a indústria aeronáutica do Equador”, afirmou.
A Dirección de Industria de La Fuerza Aerea Ecuatoriana (Diaf), de acordo com o vice-ministro, tem entre seus projetos a produção da empenagem do avião militar de treinamento básico e primário, que está sendo desenvolvido pelos países que integram a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
O presidente do Equador esteve em São José dos Campos para conhecer as instalações do Parque Tecnológico e assinar um termo de cooperação que prevê troca de experiências e transferência de tecnologias, especialmente dos setores aeroespacial e de defesa.
Em seu discurso para um grupo de empresários e de autoridades locais, o presidente equatoriano disse que o intercâmbio com cidades como São José dos Campos faz parte de um plano de governo para tentar promover e estimular o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no seu país.
Segundo Correa, o governo já investiu US$ 1,43 bilhão na primeira fase do projeto de Yachay, uma cidade planejada, com os melhores talentos do país e foco nas áreas de pesquisa e inovação. “A cidade do conhecimento é hoje o projeto mais importante do governo e do país”, ressaltou.
A Universidade Tecnológica construída dentro de Yachay, segundo o presidente do Equador, já entrou em funcionamento e possui uma rede de empresas e centros de pesquisas nas áreas de biotecnologia, tecnologia da informação e comunicação, petroquímica, energia renovável e nanotecnologia.
FONTE : Valor Econômico